O Banco Central Europeu (BCE) decidiu este sábado cortar o financiamento ao ABLV, um banco letão que tem estado no centro do debate político naquele país e que está à beira de falir.
Num comunicado desta manhã, a instituição liderada por Mario Draghi anunciou o fim da garantia europeia, negando um "bailout" ao banco, por considerar não ser do interesse público.
"Devido à significativa deterioração da sua liquidez, o banco provavelmente não conseguirá pagar as suas dívidas ou outras responsabilidades quando chegar o prazo" em que tem de o fazer, lê-se no comunicado do BCE.
A tomada de posição do BCE surge na sequência de suspeitas que o banco serviria para operações de lavagem de dinheiro em benefício de empresas com relações com a Coreia do Norte.
As autoridades financeiras norte-americanas acabaram por colocar o ABLV na lista negra de entidades que praticavam lavagem de dinheiro, o que provocou uma corrida aos depósitos.
Ora, tendo em conta esta situação, o BCE acredita que o banco não tinha liquidez necessária para fazer face à procura e deixa agora cair a instituição bancária, que é a terceira maior da Letónia.
Além do corte ao financiamento, o BCE decidiu que este banco não deve ser salvo, "uma vez que não é do interesse público".
Contudo, os depósitos até 100 mil euros estão garantidos pelo fundo de garantia europeu.
De acordo com a agência de informação financeira Bloomberg, durante uma reunião na quarta-feira, o presidente do BCE, Mario Draghi, queixou-se aos seus pares de falta de informação por parte das autoridades da Letónia, e mantém o silêncio sobre os vários escândalos que têm afetado o sistema financeiro da Letónia nas últimas semanas.
O Governo da Letónia tem estado a braços com uma crise financeira e de credibilidade, depois da detenção por umas horas do governador do banco central, suspeito de ter recebido subornos num caso não relacionado com o ABLV.
O Executivo acredita que esta crise tem interferência russa.
liliana.valente@publico.pt
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