sexta-feira, 28 de agosto de 2015

PAIGC propõe que primeiro-ministro demitido pelo Presidente lidere novo Governo

FÉLIX RIBEIRO 
14/08/2015 - 16:56

Presidente da Guiné-Bissau reuniu-se com partidos para construir novo Governo. 
Decisão de demitir primeiro-ministro não é apoiada pelo PAIGC, que tem maioria absoluta.
Domingos Simões Pereira 

O PAIGC propôs novamente o nome de Simões Pereira para o cargo de primeiro-ministro da Guiné-Bissau ao Presidente que o demitiu nesta semana, e que se reuniu nesta sexta-feira com vários partidos para tentar formar um novo Governo e evitar um cenário de eleições antecipadas.

Foi o próprio Simões Pereira que o anunciou durante a manhã, na sede do PAIGC, o partido com maioria absoluta no Parlamento e que é liderado por ele. 
“Os estatutos do partido são muito claros: em caso de vitória nas legislativas, o presidente do partido é o chefe do Governo”, disse o ex-primeiro-ministro, citado pela rádio local A Voz da Juventude.

Nesta semana, o Presidente guineense, José Mário Vaz, também do PAIGC, consumou a crise política que se prolongava há meses entre o seu gabinete e o do chefe de Governo e demitiu Simões Pereira do cargo de primeiro-ministro, o que desmantelou também o Governo.

Mário Vaz alega sobretudo que perdeu a confiança em Simões Pereira. 
É conhecido o mal-estar entre ambos, como admite Simões Pereira, que no entanto nega as acusações de corrupção, deslealdade, obstrução à justiça e desrespeito institucional também referidas pelo Presidente como justificação para afastar o primeiro-ministro.

Simões Pereira diz-se “chocado” face às justificações, “objectivamente infundadas e que não correspondem à verdade”. 
E promete “trazer a limpo e na praça pública todo o conjunto de factores” que, a seu ver, “esclarecem que tanto a corrupção como outros elementos de desgovernação a que o Presidente faz referência aconteceram noutras épocas”.

José Mário Vaz e Simões Pereira venceram as eleições presidenciais e legislativas em 2014, dois anos depois de um golpe de Estado do exército – o quarto desde 1980 – que retirou do poder Carlos Gomes Júnior, outro membro do PAIGC. 
Apesar de ter vencido a maioria absoluta no Parlamento de Bissau, Simões Pereira construiu um Governo com figuras de fora do seu partido – este inclui, por exemplo, o líder da segunda força política guineense, Florentino Pereira, do Partido da Renovação Social (PRS).

Sem primeiro-ministro e Governo, José Mário Vaz reuniu-se nesta sexta-feira com comitivas dos diferentes partidos com assento no Parlamento com vista a formar um novo Executivo. 
Não se conhece ainda o que saiu dos encontros, nem qual foi a reacção do Presidente à proposta do PAIGC. Sabe-se, porém, que José Mário Vaz tem sido duramente criticado, dentro e fora do país, por ter desmantelado o Governo de Simões Pereira. 
O Executivo contava com o apoio dos sindicatos, venceu duas moções de confiança no Parlamento e foi recentemente elogiado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) na condução orçamental da Guiné-Bissau. 

É por isso pouco provável que o PAIGC queira avançar com outro nome para chefiar o Governo – o chefe de redacção do jornal Última Hora, Sabino Santos, disse esta semana ao PÚBLICO que “qualquer [outra] figura será vista como vinda de um golpe palaciano”. Antes de oficializar a destituição de Simões Pereira, o Presidente guineense disse estar disposto a mantê-lo como primeiro-ministro "na condição que [este] procedesse a remodelação profunda" do executivo, como escreve o portal Bissau Digital. 

Há também apelos para que José Mário Vaz dissolva o Parlamento e convoque eleições antecipadas, o cenário mais provável caso tenham falhado as negociações desta sexta-feira. 
Há exemplos recentes de Governos de iniciativa presidencial e de unidade nacional na Guiné-Bissau, que são menos prováveis dada a fragilidade do Presidente. 

Presidente demite primeiro-ministro e mergulha Bissau numa nova crise política

MARIA JOÃO GUIMARÃES 
13/08/2015 - 18:35


Portugal avisa que verbas da comunidade internacional não deverão chegar ao país se não houver estabilidade. 
Ramos Horta defende desempenho de Domingos Simões Pereira.

José Mário Vaz diz que a confiança institucional foi quebrada
O Presidente da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, demitiu o primeiro-ministro, Domingos Simões Pereira, no culminar de uma crise política que se arrasta há vários meses entre os dois políticos do PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde).

Acusando o Executivo de obstrução à justiça, deslealdade, desrespeito institucional, e quebra de confiança, José Mário Vaz diz que a crise põe em causa o bom funcionamento das instituições, no decreto de quarta-feira á noite em que demitiu o primeiro-ministro.

Os “significativos esforços” feitos para ultrapassar a crise foram “em vão”, garante o Presidente.

José Mário Vaz também aponta o dedo ao presidente do Parlamento, Cipriano Cassamá, que no início do mês declarou que o “governo estava em perigo”, após uma reunião dos dois.

O Presidente insinuou ainda, num discurso anterior à publicação do decreto, que haveria corrupção no Governo, questionando o que foi feito com 85 milhões de euros que o país recebeu nos últimos 12 meses. 
Enumerou outros pontos de litígio, incluindo a nomeação de um novo chefe de Estado-maior das Forças Armadas, o encerramento da fronteira comum com a Guiné-Conacri por causa da epidemia do Ébola e falta de transparência na atribuição de contrados públicos.

Vários países vinham a avisar contra medidas que levassem a um novo período de instabilidade no país. 
O Governo português, por exemplo, tinha dito que a a ajuda internacional recentemente prometida pela comunidade intertnacional à Guiné-Bissau, no valor de mais de mil milhões de dólares, deveria estar em risco.

“O que se passa na Guiné-Bissau é uma crise política grave que Portugal acompanha com uma enorme preocupação”, disse esta quinta-feira o ministro da presidência, Luís Marques Guedes, citado pela agência Lusa. 
Esta nova crise poderá mesmo “pôr em causa todos os avanços feitos nos últimos tempos”.

O ex-Presidente da República timorense José Ramos-Horta defendeu pelo seu lado que Timor-Leste deve congelar de imediato a cooperação com a Guiné-Bissau. 
Ramos-Horta, que mediou as conversações após o golpe de 2012, comentou à Lusa: “A decisão não me surpreendeu mas não deixo de ficar consternado perante a total incapacidade da liderança guineense de superar as diferenças políticas e sociais, fazendo o país recuar de novo, face aos progressos registados nos últimos 12 meses”.

“Se há um país em que não há razão para a mudança de um Governo, a Guiné é um exemplo”, sublinhou Ramos-Horta, notando os “progressos visíveis no plano social e económico, no ambiente político geral, no plano de segurança e no apoio internacional”.

O povo vai à rua

O chefe de redacção do jornal Última Hora Sabino Santos comentou por telefone ao PÚBLICO que “no fundo, não há ninguém que diga que está de acordo com a queda do Governo”. 
O primeiro-ministro está no poder desde Abril do ano passado, pegando num país que estava “em descontrolo total” no período de transição desde o último golpe.

Domingos Simões Pereira quando esteve em Lisboa em 2008
para a cimeira da CPLP (Arquivo)
Domingos Simões Pereira tem apoio popular e mais experiência política do que José Mário Vaz, nota Sabino Santos (Simões Pereira é ainda o líder do PAIGC), dizendo que vai haver agora manifestações a favor do primeiro-ministro demitido. 
“Não são só apenas os jovens, é o Parlamento, que votou duas moções de confiança apoiando o Governo, são os sindicatos…” enumera. 
“O povo vai à rua”, garante.

Por outro lado, dentro do PAIGC, não há quem Sabino Santos veja como alguém que possa, ou queira, substituir Domingos Simões Pereira. 
“Qualquer figura será vista como vinda de um golpe palaciano”, diz. 
E mesmo que houvesse, o Parlamento que aprova o primeiro-ministro agora demitido não deverá aprovar um outro chefe de Executivo.

“Penso que o Presidente da República não avaliou bem”, comenta o jornalista guineense. Há vários episódios de desentendimento entre os dois líderes, mas Sabino Santos destaca uma aminosidade pessoal antiga, vinda já de 2003 quando Domingos Simões Pereira foi Ministro das Infra-estruturas e José Mário Vaz era presidente da Câmara de Bissau, e em que na sua área o primeiro esvaziou as competências e poder do segundo.   

O que se espera agora? 
“Um, dois, três meses de alguma convulsão.” 
O exército garantiu que não tomaria posição num país em que houve nove golpes ou tentativas de golpe desde 1980 e onde nenhum governo conseguiu alguma vez cumprir uma legislatura.

“O país pode ficar cronicamente instável”, avisou Ramos-Horta, “e isso significa afugentar os parceiros e investidores”.

Em Março passado, Domingos Simões Pereira e José Mário Vaz deram um sinal de união em Bruxelas, durante uma conferência internacional sobre o país, em que foram prometidas as verbas de cerca de mil milhões de euros por dadoras, verbas que agora estarão em risco.

A actuação de Domingos Simões Pereira nessa mesa redonda de Bruxelas foi importante para que os dadores acreditassem numa possibilidade de estabilidade num país que era cada vez mais visto como dominado pelo narcotráfico, com a colaboração dos militares, e que o FMI punha num relatório recente entre os 20 países mais instáveis do mundo.

Guiné-Bissau obtém mil milhões de euros em reunião de doadores

AGÊNCIAS 
26/03/2015 - 11:53


Bruxelas acolheu conferência para financiar plano estratégico para os próximos dez anos.
A realização de eleições credíveis, em 2014, foi fundamental para mudar o estatuto internacional da Guiné-Bissau
Mais de mil milhões de euros foram prometidos à Guiné-Bissau na conferência internacional de dadores que se realizou em Bruxelas, com Portugal a comprometer-se com um programa de cooperação de 40 milhões de euros.

O total obtido na conferência, co-organizada pelo Governo da Guiné-Bissau, União Europeia e Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas, fica aquém dos 1600 milhões de euros que o país calculava necessitar para financiar os 115 projectos do plano estratégico e operacional para os próximos dez anos.

A criação de um fundo de pensões para militares e a construção de infra-estruturas pelo país são dois exemplos de prioridades definidas pelas autoridades de Bissau.

O objectivo é reconstruir o país marcado desde finais da década de 1990 pela instabilidade gerada pelos golpes de Estado, o último dos quais em 2012, tendo em conta uma visão de desenvolvimento até 2020.

"Os elementos essenciais do programa passam pela continuidade do apoio ao desenvolvimento humano na Guiné-Bissau, através da saúde e educação, capacitação técnica e institucional, reforço do sector da Justiça e Estado de Direito e pela participação na reforma do sector de segurança através da cooperação técnico-militar e técnico-policial", apontou o Presidente da República da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, citado pela agência Lusa.

"A Guiné Bissau registou progressos importantes ao longo do último ano, a começar pela realização de eleições legislativas pacíficas e credíveis", afirmou a alta representante para a Política Externa da União Europeia, Federica Mogherini. 
"Pretendemos encorajar a evolução positiva observada e iremos apoiar o novo Governo na reconstrução do país, no reforço das suas instituições democráticas e no avanço em direcção à estabilidade, à reconciliação e ao desenvolvimento económico", assegurou.

A contribuição da UE, nesta conferência em que estiveram presentes delegações de 70 países e instituições, foi no valor de 160 milhões de euros, com o objectivo de "consolidação da democracia" e apoiar a retoma económica. 
Na terça-feira, Bruxelas levantou definitivamente as restrições que tinha imposto à cooperação com Bissau em Julho de 2011, em reacção contra o golpe militar de Abril de 2010.

Os 40 milhões de euros portugueses serão investidos nas áreas tradicionais da cooperação nacional em Bissau, disse o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Luís Campos Ferreira. 
"Os elementos essenciais do futuro programa passarão pela continuidade do apoio ao desenvolvimento humano na Guiné-Bissau, através da saúde e educação, capacitação técnica e institucional, reforço do sector da Justiça e Estado de Direito e pela participação na reforma do sector de segurança através da cooperação técnico-militar e técnico-policial", apontou.

Timor-Leste anunciou também "uma modesta contribuição" de 1,9 milhões de dólares, para apoiar programas do Plano Estratégico Operacional da Guiné-Bissau, através de financiamento directo ou actividades no terreno.

Intervindo nesse encontro e em nome da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que é presidida por Timor-Leste até 2016, o chefe da diplomacia timorense, Hernâni Coelho, manifestou "o total apoio ao programa apresentado pelo Governo da Guiné-Bissau que irá contribuir para a estabilidade política e para o desenvolvimento económico e social" de Bissau.

Um comunicado adianta que foi estabelecida uma rubrica no Fundo Especial da CPLP "destinada unicamente à cooperação com aquele país".


Militares da Guiné-Bissau prometeram à ONU neutralidade na crise política

PÚBLICO 
28/08/2015 - 19:00

Miguel Trovoada disse que “um cenário de crises repetidas, sem paz nem estabilidade duradoura” colocará em risco o apoio internacional ao país.
"Parecia que estavam criadas as principais condições para um quadro de estabilidade", disse Miguel Trovoada 

O representante do secretário-geral das Nações Unidas em Bissau, Miguel Trovoada, disse, esta sexta-feira, ao Conselho de Segurança que as Forças Armadas se comprometerem formalmente a manter a neutralidade na actual crise política que o país está a viver.

“Os militares afirmaram firmemente que estão decididos a ficar totalmente à margem da cena política e a observarem uma atitude republicana de submissão ao poder civil e de obediência à Constituição”, disse, citado pela AFP. 
Miguel Trovoada afirmou ter-se encontrado recentemente com o chefe do Estado Maior e com os comandantes dos três ramos das Forças Armadas

A Guiné-Bissau tem um longo historial de golpes de Estado – o último dos quais em 2012 –, violência política e intervenção dos militares no terreno político. 
Está agora, de novo, mergulhada numa crise política desde que, a 12 de Agosto, o Presidente, José Mário Vaz, demitiu o Governo liderado pelo primeiro-ministro Domingos Soares Pereira. 
A 21 de Agosto foi nomeado um novo chefe de Governo, Baciro Djá, contra a vontade do Parlamento.

As Nações Unidas apelaram às forças políticas guineenses para seguirem a via do diálogo de modo pôr fim à escalada de luta pelo poder que ameaça a estabilidade do país africano.

Segundo a Reuters, Trovoada disse aos 15 membros do Conselho de Segurança que o Governo guineense demitido “era inclusivo e composto por representantes de quase todos os partidos da Assembleia Nacional Popular, que lhe assegurava uma confortável base de apoio parlamentar”. 
“Parecia que estavam criadas as principais condições para um quadro de estabilidade política favorável a um adequado funcionamento do Estado”, acrescentou.

O representante do secretário-geral disse que, para já, a actual crise não põe em causa o apoio da comunidade internacional à Guiné-Bissau, em particular os mil milhões de euros prometidos em Março para o desenvolvimento do país até 2020, numa conferência de doadores realizada em Bruxelas. 
Mas advertiu que “um cenário de crises repetidas, sem paz nem estabilidade duradoura”, colocará em risco esse apoio.

Numa recente entrevista ao PÚBLICO, Miguel Trovoada declarou-se convicto de que a Guiné-Bissau estava a dar passos importantes para deixar para trás anos de golpes de Estado e violência política.

O embaixador brasileiro António Patriota, presidente do Grupo de Contacto para a Guiné-Bissau da Comissão de Consolidação da Paz nas Nações Unidas, alertou para os riscos da actual situação. 
A crise “pode ter um impacto negativo na já frágil situação económica, a estabilidade do país e os ganhos da democracia”, disse.

“A Guiné-Bissau estava a fazer bons progressos no sentido da estabilização e desenvolvimento desde as eleições de 2014”, acrescentou. 
“O nosso principal objectivo deve ser evitar que a escalada da crise política mine os progressos alcançados”.

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Depois de Tianjin, China trabalha para Stem uma crise de confiança

ANÁLISE
24 de agosto de 2015 - 09:30 GMT
Uma imagem de um vídeo mostrando as conseqüências da explosão do armazém em 13 de agosto, em Tianjin, China.

Forecast

  • O porto da cidade chinesa de Tianjin irá ser submetido a um intenso cima para baixo investigação anti-corrupção.
  • Em resposta à indignação pública, Beijing vai trabalhar para melhorar e fazer cumprir as normas de segurança do trabalho em todo o país.
  • Apesar do recente reforço do controlo de Pequim em relação aos organismos provinciais anti-corrupção, recursos limitados e corrupção sistêmica vai abrandar qualquer progresso na melhoria da segurança do trabalho.
ANÁLISE

A pressão está aumentando sobre o governo chinês como um público irritado exige respostas na sequência de explosões mortais na cidade portuária de Tianjin.
Em 18 de agosto, a Comissão Central de Inspeção Disciplinar anunciou que estava investigando o chefe da Administração Estatal da China de Segurança do Trabalho, Yang Dongliang.
Embora a Comissão não especificou por que Yang estava sendo investigado, uma história de carreira anexado ao anúncio de que destacou sua longa carreira em Tianjin sugere que ele é quase certamente a ser investigado em relação ao agosto
12 explosões.

A proximidade da explosão a residências e infra-estrutura pública insinuado corrupção sistêmica em uma das cidades mais bem desenvolvidas da China.
A resposta do governo municipal foi ensombrado pela inépcia em tudo, desde a manipulação do fogo para a gestão dos fluxos de informação.
Esses fatores contribuíram para a indignação pública significativa, exemplificado quando funcionários de Tianjin foram obrigados a abandonar sem cerimônia numa conferência de imprensa depois que eles falharam em responder satisfatoriamente às perguntas de um público cada vez mais irritado - um evento altamente incomum.

Um membro do Comitê Central do Partido Comunista, Yang é um dos funcionários de nível mais alto a ser investigado desde o início da campanha anti-corrupção do presidente chinês, Xi Jinping.
A necessidade de orientar um membro do atual Comitê Central em associação com os pontos de desastre para a pressão que o governo está sentindo do público.
Elevada intervenção do governo central destina-se a atenuar a ira do público na má gestão oficial pode ser esperado em Tianjin nos próximos meses.
Contrariamente à sabedoria convencional, a resposta do governo central chinês em Tianjin demonstra que Pequim é de fato sensível à pressão popular - mesmo se os líderes chineses reagem de forma diferente do que os líderes da maioria das democracias liberais.
A resposta excepcionalmente forte sugere que Pequim está sentindo tensão aguda como China entra em um período de dificuldade econômica prolongada.

Corrupção e a incompetência em em Tianjin

A enorme perda de vidas e bens nas explosões em Tianjin foi causado por uma confluência de práticas de corrupção e incompetência oficial.
As explosões começou com um incêndio químico em um armazém sem licença que contém mais de 3.000 toneladas de produtos químicos perigosos, incluindo cianeto de sódio, nitrato de amônio, nitrato de potássio (salitre) e carboneto de cálcio.
O armazém foi localizado a cerca de 500 metros (1.640 pés) de residências e de uma via pública, muito abaixo do requisito de segurança de 1.000 metros estabelecido pelo governo chinês.
Logo após a explosão, o público especulou que o desastre foi o resultado de corrupção sistêmica em Tianjin.
Essa suspeita foi confirmada quando Xinhua entrevistou executivos detidos Rui Hai International Logistics, que disseram que evitou leis de zoneamento e de segurança utilizando suas conexões com elementos do governo de Tianjin.
Entre os grupos implicados eram policiais e bombeiros de Tianjin, Autoridade Portuária e de Tianjin ramo da estatal Sinochem Corp.

Os socorristas ao fogo químico eram uma mistura de Tianjin bombeiros municipais e bombeiros contratados empregados pela Autoridade Portuária de Tianjin, muitos dos quais estavam abaixo idade legal para trabalhar e parecem ter sido pagos fora dos livros. Ou não têm consciência da presença de produtos químicos reativos ou sem treinamento nos procedimentos adequados para lidar com elas, os bombeiros tentaram apagar as chamas com água.
A água das mangueiras de incêndio reagiu com o carboneto de cálcio armazenado no armazém, formando gás acetileno que foi então incendiado pelo fogo em curso para produzir explosões em par com as cerca de 20 toneladas de TNT.
As explosões mataram muitos dos bombeiros e aplainado muitas residências na área.
As explosões também levou a temores generalizados de que o cianeto de sódio armazenado no entreposto havia contaminado o ar e beber água de Tianjin, potencialmente perigoso formando o cianeto de hidrogênio composto.

Após a explosão, muitos cidadãos de Tianjin exigiu respostas do governo local sobre os protocolos de segurança, o destino dos socorristas e a possibilidade de compensação para a habitação perdida.
Funcionários do governo de Tianjin estavam preparados para oferecer respostas satisfatórias e foram percebidos a ser esquivando-se das perguntas, levando a protestos e rumores de que haveria um encobrimento por parte do governo central.
A crítica não foi mais reservada para as autoridades locais.

Ansiedade e Anti-Corrupção

Mesmo que de não parecer ter sido um sério risco de violência em de Tianjin, Pequim foi obrigado a assumir o controle de ambas a resposta de emergência e a narrativa popular.
Apesar de toda a extensão da intervenção de Pequim é desconhecido, relatos de populares locais unidades policiais armados que atuam sob as ordens de "autoridades superiores", em 15 de agosto e do ministro da Segurança Pública Guo Shengkun participação em reuniões em Tianjin em 17 de agosto sugerem que o governo central tomou grande parte acabou.

O aparelho de propaganda começou a tentar moldar a narrativa em vez de simplesmente censurar rumores e relatórios não-oficial.
Em 17 de agosto, o Diário do Partido Comunista Popular através de porta voz convidou o público a confiar no governo.
O editorial nomeadamente prometeu transparência - um tema promovido constantemente pelo governo de Xi - e afirmou que os culpados responsáveis pelas explosões de Tianjin seriam punidos de forma semelhante a Zhou Yongkang, purgado czar da segurança da China.
O editorial prenunciou a queda de Yang em 18 de agosto.

Campanha anti-corrupção de Xi, uma vez que uma arma para usar contra adversários políticos, tornou-se um complemento fundamental da maioria das políticas do governo central.
Em Tianjin, a campanha anti-corrupção serve a necessidade de controlar tanto a narrativa e de emergência.
Procedimentos anti-corrupção em Tianjin ter sido incomum. Chineses pontas de prova anti-corrupção normalmente começam com funcionários de baixo nível e trabalhar seu caminho até, recolhendo gradualmente as provas necessárias para incriminar os principais líderes de uma rede.
Em Tianjin, contra a Comissão Central para os procedimentos operacionais normais de Inspeção Disciplinar, o governo central imediatamente atingido em ou perto do topo de uma rede de corrupção quando colocado Yang sob investigação.


Esta partida do procedimento padrão sugere que o governo central está sensível à pressão pública.
Em primeiro lugar, Pequim precisava de um sinal altamente visível de compromisso para compensar uma crise altamente visível. Estatura e fundo de Yang fez dele um alvo natural.
Antes Yang assumiu sua posição como o chefe da Administração Estatal de Segurança do Trabalho, ele atuou como vice-prefeito executivo de Tianjin e havia presidido anteriormente Ativos de Supervisão e Administração Comissão Estatal da cidade, levou a Comissão Municipal de Assuntos Económicos e serviu como vice-secretário da indústria comissão de trabalho de Tianjin.
Estas posições teriam lhe dado uma tremenda influência sobre o planeamento econômico da cidade e sobre as nomeações de muitos de seus funcionários servindo atualmente.

Em segundo lugar, o governo central teria tido uma necessidade premente de inteligência para evitar o agravamento da crise.
Falha de inteligência podem ter contribuído para as explosões originais; socorristas estavam claramente cientes da presença de produtos químicos.
Yang ou seus associados são susceptíveis de saber informações sobre outros sites potencialmente perigosos.
Essa inteligência vai ser um prêmio como o governo tenta evitar a possibilidade de acompanhamento desastres enquanto a estabilização da crise atual.

Amplas implicações

Embora expurgos intensos são prováveis em Tianjin, no futuro próximo, a resposta legal da blogosfera chinesa para editoriais de Diário do Povo sugere que a campanha anti-corrupção não é suficiente por si só para acalmar a ira pública.
O governo terá de fazer progressos palpáveis em matéria de reforço das medidas de segurança no trabalho em todo o país.
Isso certamente vai correr contra os desejos de governos e empresas que estão ansiosos para manter os custos baixos e alta empregos locais.
Resistência dos governos provinciais e locais serão ainda mais teimosos como o crescimento económico abrandar e que o governo central reduz grande parte do sistema de financiamento sombra que escorado o desenvolvimento local.
Esses interesses terão de ser domados, mas coacção crua tem seus limites.


Apesar da visibilidade embaraçosa da tragédia Tianjin, é de muitas maneiras um caso fácil para a liderança da China.
Localizado a uma curta viagem de comboio da capital, a área de Tianjin nunca foi capaz de escapar do controle de um governo central determinado sentado em Pequim.
No entanto, apesar das recentes melhorias no controle do governo central sobre comissões disciplinares provinciais, Beijing vai achar que é um desafio para aplicar uniformemente as suas directivas sobre cantos distantes da China por causa da corrupção sistêmica e capacidades limitadas.
Mas Pequim deve tentar.
Numa altura em que crises simultâneas na economia chinesa estão desafiando sonho chinês de Xi, Pequim parece reconhecer que ele pode se dar ao luxo de uma crise de confiança entre os seus povos.


































Segunda-feira negra: Bolsa de Xangai em queda histórica assusta mercados

CHINA
Agência Lusa  -  Rita Dinis - 24/8/2015, 7:19


A bolsa de Xangai fechou hoje com perdas de 8,5%. O efeito de contágio já se estendeu às bolsas europeias, que estou todas a cair. O dia mal começou, mas já se fala de uma "segunda-feira negra".





















A bolsa de Xangai encerrou a sessão de hoje a perder 8,49%, a maior queda em oito anos registada no mercado de capitais da China. 
De acordo com a Bloomberg, o sobressalto deve-se aos crescentes sinais alarmantes de saída em massa de capitais da China registados no último mês.

O dia quente nos mercados financeiros da Ásia e Pacífico já levou a imprensa chinesa a intitular de “Segunda-feira Negra”, numa alusão ao colapso de 1987. 
A tendência de queda já registada na semana passada continua assim a acentuar-se, apesar de terem sido renovados os esforços das autoridades para tranquilizar os investidores.

O Índice Composite de Xangai fechou a sessão a cair 8,49% (297,83 pontos), até aos 3,209.91 pontos, depois de ter chegado a perder 9%.  
O índice de referência sofreu a maior descida num só dia desde 27 de fevereiro de 2007 (quando caiu 8,8%), registando a quinta sessão consecutiva em terreno negativo, após de ter perdido 11,54% no acumulado da passada semana.

A bolsa de Shenzhen, segunda praça financeira da China, também negociava no “vermelho”, encerrando a perder mais de 7%.














Na semana passada, a bolsa de Xangai fechou três vezes em terreno negativo, registando uma queda de 6,15% na terça-feira, até aqui correspondente à mais acentuada descida em todo o mês de agosto.

Entretanto, o Wall Street Journal avança que a China vai anunciar em breve várias medidas de apoio à banca nacional, falando em pelo menos duas decisões a ser tomadas a curto prazo. 
Uma delas é a imposição de exigências de capital mais baixas aos bancos chineses com o objetivo de reduzir a pressão provocada pela desvalorização da moeda nacional e aumentar a concessão de empréstimos. 
Para aumentar a liquidez, o Estado vai também fazer uma injeção direta de capital em várias instituições, diz o mesmo jornal.

Não demorou muito para que os media chineses começassem a apelidar o colapso desta segunda-feira de “Black Monday” (“Segunda-feira Negra”), numa alusão à segunda-feira 19 de outubro de 1987, quando os mercados financeiros de todo o mundo entraram em colapso. 
O efeito dominó começou precisamente em Hong Kong, tendo-se estendido depois ao leste europeu e atingindo em cheio os EUA.

A bolsa de Hong Kong encerrou a sessão de hoje em forte baixa de 5,17 por cento, a segunda maior queda do ano, arrastada pelas perdas na praça financeira de Xangai. 
O índice de referência da antiga colónia britânica, o Hang Seng, recuou 1.158,05 pontos (5,17%), naquela que foi a segunda maior queda do ano, até aos 21.251,57 pontos, a cotação mais baixa desde julho de 2013.




























Bolsa de Tóquio fecha a perder 4,6%, a maior queda do ano

Entretanto a bolsa de Tóquio também fechou a sessão em forte baixa, caindo 4,6%, a maior queda dos últimos dois anos, arrastada pelas perdas em Xangai e pela valorização do iene relativamente ao dólar. 
O principal índice, o Nikkei, fechou a perder 895,15 pontos (4,61%), cotando-se nos 18.540,68 pontos, enquanto o Topix, o segundo indicador da praça financeira de Tóquio, a recuar 92,14 pontos (5,86%), até aos 1.480.87 pontos.











A bolsa de Tóquio abriu no “vermelho” mas, durante a segunda parte das negociações, a queda agudizou-se e chegou a tocar os 1.000 pontos (5%), com o mercado financeiro de Tóquio a ver-se contaminado pelo nervosismo gerado pela nova “segunda-feira negra”.

A bolsa de Tóquio prolongou assim o “vermelho” da semana passada, quando cumpriu quatro dias consecutivos de perdas devido sobretudo à situação na China, o seu principal parceiro comercial. 
A Austrália também registou perdas semelhantes, na ordem dos 4%.

O novo dia de pânico na bolsa de Xangai continua a alimentar as dúvidas sobre a evolução da economia chinesa, após a recente depreciação do yuan e apesar das medidas anunciadas por Pequim.

Estes fortes receios não atingem só o continente asiático, estando já a ter impacto na abertura das principais praças europeias. 
Lisboa está mesmo entre os índices com mais perdas: abriu em terreno negativo, com o PSI20, o principal índice da praça lisboeta, a cair 4,01%.  
E mantém-se a cair. 
Os restantes índices europeus seguem a mesma tendência, abrindo a recuar mais de 3%. Milão (FTSE MIB) e Frankfurt (DAX) estão entre as praças que mais perdem, caindo 3%.

O valor acumulado das perdas principais bolsas europeias, só no índice FTSEurofirst 300, era de 230 mil milhões de euros logo na abertura.











Na África do Sul as ondas de choque também se fazem sentir, com o principal índice da praça sul-africana a registar hoje, segundo a Bloomberg, a maior queda dos últimos cinco anos, atingindo mínimos de maio de 2010. 
Também a bolsa de Moscovo foi, tal como as suas congéneres europeias, penalizada pelo desempenho dos mercados asiáticos. 
O índice de referência, o RTS, cotado em dólares, caiu 4,21%, enquanto o Micex (em rublos) cedeu 1,76%.

A moeda russa caiu para o valor mais baixo de 2015, com o euro a passar simbolicamente a barreira do 80 rublos pela primeira vez desde meados de dezembro, atingindo 80,99 contra os 78,80 rublos de sexta-feira. 
O dólar subiu para 70,69 rublos contra os 68,21 antes do fim de semana.


Ondas de choque: Mercados europeus afundam, euro valoriza

SEGUNDA-FEIRA NEGRA
Agência Lusa  -  24/8/2015, 8:15
A Europa abriu toda no vermelho, com a bolsa de Lisboa também em forte queda. Ondas de choque da crise nos mercados asiáticos passam pela Rússia. O euro é a moeda de refúgio: está a valorizar.




















A Bolsa de Lisboa abriu hoje em terreno negativo, com o PSI20, o principal índice da praça lisboeta, a cair 4,13%, para os 5.076,18 pontos. 
A queda histórica da bolsa chinesa está a ter repercussões por toda a Europa: em Frankfurt, o índice alemão DAX afundava 3,24%. 
As praças de Madrid, Londres e Paris também abriram em forte baixa, com os respetivos índices a registarem quedas de quase 3%. 
Pior que Lisboa, a meio da manhã, só mesmo a bolsa grega, que acumulava perdas superiores a 5%.

Segundo o Telegraph, o FTSE 100, uma pool das 100 ações representativas da Bolsa de Valores de Londres que procura detectar movimentos de alta ou baixa nas cotações, perdeu em duas horas 60 mil milhões de euros.  
Já FTSEurofirst 300, que junta as 300 maiores da Europa, tinha perdido 200 mil milhões.

Pelo caminho, o euro valorizou – atingindo os 1,1499 contra o dólar, nível não visto desde fevereiro. 
Em dias de instabilidade, os investidores estão a olhar para o euro como um terreno seguro, tendo também em conta a expectativa de que, nos EUA, a Fed acabe por subir as taxas de juro. 
Já o Rublo caiu para mínimos de sempre — são precisos agora 70,95 rublos para equivaler a um dólar.

O que cai mais na bolsa de Lisboa 

Pelas 8h16 de Lisboa, as 18 cotadas no índice PSI20 estavam todas a cair, à semelhança das restantes praças europeias, contagiadas pelas fortes perdas das bolsas de Xangai e Hong Kong.

As ações da Impresa quebravam 9,09% para 0,67 euros, seguidas pelos títulos do BCP, que perdiam 6,99% para 0,0559 euros, do Banif, que afundavam 6,90% para 0,0054 euros, e da Pharol (antiga PT SGPS), que recuavam 5,7% para 0,248 euros.

O setor financeiro está hoje sob pressão com o BPI também a cair, ao perder 4,79% para 0,914 euros. 
A exposição do BPI ao banco angolano BFA e o agudizar da crise que afeta Angola, com a queda das matérias-primas, nomeadamente do preço do petróleo, “estão a penalizar as ações” do banco português, segundo analistas citados pela agência de informação financeira Bloomberg.

Além disso, os setores mais vulneráveis à volatilidade do preço das matérias-primas estão também “a ser castigados” pelo abrandamento da economia chinesa. 
Ainda em Lisboa, a Galp perdia 4,06% para 8,976 euros, a Jerónimo Martins recuava 3,71% para 11,95 euros e a EDP caía 3,16% para 3,067 euros.

Na sexta-feira, o principal índice da bolsa portuguesa (PSI20) já tinha encerrado a sessão a cair 2,73%, para 5.288,12 pontos, pressionado pelas descidas significativas dos pesos pesados Jerónimo Martins, EDP e Galp, num dia negro para as praças europeias.

Praças europeias abrem no vermelho