quinta-feira, 30 de julho de 2015

Paulo Mota Pinto fora das listas de deputados da coligação PSD/CDS

LEGISLATIVAS 2015
Agência Lusa  -  30/7/2015, 17:22

O ex-vice-presidente social-democrata Paulo Mota Pinto está fora das listas de candidatos a deputados da coligação PSD/CDS às próximas eleições legislativas.





















O ex-vice-presidente social-democrata Paulo Mota Pinto está fora das listas de candidatos a deputados da coligação PSD/CDS às próximas eleições legislativas que serão votadas em Conselho Nacional do PSD, disseram à agência Lusa fontes sociais-democratas.

Contactado pela agência Lusa, Paulo Mota Pinto recusou-se a comentar, mas salientou desejar que a coligação PSD/CDS “renove a maioria absoluta” nas eleições do próximo dia 04 de outubro, considerando ser esse “o melhor resultado para o país”.

Paulo Mota Pinto foi um dos primeiros a defender no PSD um limite constitucional à dívida, tendo repetidamente sustentado a necessidade de acordos de longo prazo entre os dois maiores partidos portugueses (PSD e PS) sobre questões essenciais para a governabilidade do país.

Nesta última sessão legislativa, demarcou-se algumas vezes da posição oficial do PSD no parlamento, alertando para a inconstitucionalidade de iniciativas legislativas como a “lista de pedófilos” (a qual acabou por ser alterada ainda pelos deputados) e o crime de “enriquecimento injustificado”, que esta semana foi declarada inconstitucional por unanimidade pelo Tribunal Constitucional.

Professor universitário de Coimbra e antigo juiz do Tribunal Constitucional, Paulo Mota Pinto foi vice-presidente da direção do PSD liderada por Manuela Ferreira Leite, é deputado desde 2009 e na última legislatura foi eleito pelo círculo eleitoral de Lisboa.

Paulo Mota Pinto foi o redator do programa eleitoral com que o PSD se apresentou às eleições de 2009, até 2011 exerceu funções como presidente da Comissão Parlamentar de Orçamento e Finanças e na atual legislatura desempenhou as funções de presidente da Comissão Parlamentar de Assuntos Europeus.

E a pergunta para as legislativas é…

LEGISLATIVAS 2015
COMENTÁRIOS  -  30/7/2015, 17:35

Lidos os programas da coligação e do PS, é mesmo uma proposta socialista que vai marcar a campanha e o voto a 4 de outubro. 
A pergunta para as legislativas é...

Debates televisivos. Portas convidado para os frente a frentes

LEGISLATIVAS 2015
Helena Pereira  -  30/7/2015, 18:03

Proposta das televisões seguiu esta quinta-feira para os partidos. 
Amanhã, é a reunião decisiva para acertar modelo de debates.





















O líder do CDS, Paulo Portas, foi convidado pelas estações de televisão para participar nos frente a frentes cruzados sobre as eleições legislativas. 
A proposta seguiu esta quinta-feira para os vários partidos, uma vez que esta sexta realiza-se a terceira reunião entre canais de televisão e partidos para acertar o modelo de debates.

Os Verdes reclamaram tratamento igual ao CDS, uma vez que integram também uma coligação, a CDU, com o PCP. 
Mas o entendimento das direções de informação não foi esse, tendo-se baseado naqueles que são os partidos que concorrem sozinhos às eleições legislativas. 
Ora, Os Verdes nunca se candidataram sem ser em coligação.

Na última reunião, na terça-feira, o PS declarou que não estava disponível para debater a dois com o CDS pois a coligação Portugal à Frente já estava representada por Pedro Passos Coelho. 
O PSD, por seu lado, mostrou-se indisponível para fazer três frente a frente Passos/Costa (um em cada canal) em nome da equidade das candidaturas.

A proposta inclui ainda um debate conjunto com as cinco principais candidaturas, coligação PSD/CDS, PS, CDS, BE e PCP.

Mário Centeno critica “bombas atómicas” do PSD/CDS. “Onde estão os números?”

LEGISLATIVAS 2015
Helena Pereira  -  30/07/2015

PS não poupa programa eleitoral do PSD/CDS e lamenta falta de cálculos de impacto orçamental das medidas. 
"Não é assim que se faz política".




















Mário Centeno, candidato a deputado e coordenador do cenário macroeconómico do PS, critica a ausência da quantificação de medidas no programa eleitoral da coligação PSD/CDS, considerando mesmo que se pode estar perante autênticas “bombas atómicas”. 
É o caso do plafonamento das pensões.

Em declarações ao Observador, o economista lamenta que se não se possa discutir com seriedade as propostas do PSD/CDS. 
“Não é assim que se faz política, muito menos em tempo de eleições. 
Aos olhos de um economista o que salta à vista é o que não está lá. 
Não está nada quantificado. 
Não estão identificados os custos de cada medida de modo individual. 
E há aqui potenciais bombas atómicas”, afirmou.

No caso do plafonamento da segurança social, Centeno diz que se pode estar perante uma medida com um impacto de 2,3 mil milhões de euros a menos nos cofres da Segurança Social. 
“Se estivermos a falar de descontos opcionais para outros sistemas em salários acima dos 2.000 euros, isso significaria 17% das receitas da segurança social, o que daria 2,3 mil milhões de euros”, explicou, salientando que em Portugal apenas “8% dos trabalhadores recebem mais de 2.000 euros”.

Quando o PS apresentou o seu cenário macroeconómico, o PSD enviou um conjunto de 29 perguntas a pedir mais detalhe nas contas apresentadas e os socialistas (ou melhor, Mário Centeno) responderam-lhes. 
Questionado pelo Observador se vai optar pelo mesmo método e questionar o PSD, o economista nega. 
“As perguntas são feitas por vocês e pelos cidadãos, é legítimo toda a gente fazer perguntas”.

Mas o programa do PS não diz em detalhe quanto vale cada medida apresentada. 
Centeno diz que essas contas existem. 
“Essas quantificações vão aparecer mas de qualquer forma 95% das medidas com incidência orçamental já estão quantificadas no cenário macroeconómico”, explica.

Centeno questiona o custo também de medidas como a reposição dos 4º e 5º escalões do abono de família, novos apoios para os avós e apoios domiciliários. 
De qualquer forma, confessa que não achou “estranho” a omissão do PSD/CDS a avaliar pelo “calibre” das perguntas que lhe foram feitas a propósito do cenário macroeconómico que revelavam “desconhecimento” das matérias.

O economista diz ainda não ter encontrado “verdadeiramente nenhuma reforma estrutural” e, sobre as isenções de TSU propostas para o interior, lembra que já existem atualmente cerca de “460 milhões de euros em isenção em Taxa Social Única”.

Também o secretário-geral do PS, António Costa, comentou esta quinta-feira a ausência de cálculos da coligação PSD/CDS, depois dos sociais-democratas terem criticado o PS por mostrar poucos números. 
“Nesta fase da vida nacional, não é possível apresentar um programa sem apresentar contas. 
No caso do PS foi duro, porque durante muito tempo fomos criticados por não fazermos promessas, mas apresentámos depois um cenário macroeconómico com o estudo do impacto e da exequibilidade de cada medida que propusemos”, declarou, considerando que o exercício do PS é “mais prudente”.

Listas de deputados. CDS lança quatro estreantes

LEGISLATIVAS 2015
Rita Dinis  -  30/07/2015

CDS e PSD aprovam esta noite as suas listas de candidatos a deputados, onde se incluem Mariana Ribeiro Ferreira, Vânia Dias da Silva, Francisco Mendes da Silva e Ana Rita Bessa.


















Mariana Ribeiro Ferreira, Vânia Dias da Silva, Francisco Mendes da Silva e Ana Rita Bessa são, segundo avança o jornal Expresso, as novidades que vão estar em cima da mesa do Conselho Nacional do CDS, que se reúne esta noite para aprovar as listas de candidatos a deputados nas listas da coligação Portugal à Frente. 
Tudo nomes que, a serem eleitos, serão estreantes na bancada dos deputados no Parlamento, mas que estão longe de ser estranhos dentro do partido e dentro dos corredores da Assembleia da República.

Mariana Ribeiro Ferreira foi presidente do Instituto de Segurança Social e assessora do grupo parlamentar do CDS, enquanto Vânia Dias da Silva trabalha diretamente com Paulo Portas na qualidade de subsecretária de Estado-adjunta do vice-primeiro-ministro. 
Já Francisco Mendes da Silva é dirigente nacional do CDS, advogado, fiscalista e comentador político. 
Ana Rita Bessa é igualmente dirigente nacional do partido (faz parte da Comissão Política), sendo economista de formação.

Ainda não é certo por que círculo eleitoral irão a votos, mas ao que tudo indica, estarão em lugares potencialmente elegíveis.

De resto, as caras serão mais ou menos as mesmas que integravam as listas de 2011. 
Sem cabeças de lista, Paulo Portas segue como número 2 em Lisboa, sendo que no seu círculo habitual – Aveiro – cede o lugar ao secretário de Estado João Almeida. 
Dos atuais ministros só Pires de Lima fica de fora, por opção. Pedro Mota Soares concorre pelo Porto, atrás dos sociais-democratas José Pedro Aguiar Branco e Marco António Costa (que têm o primeiro e segundo lugares), e Assunção Cristas volta a concorrer por Leiria.

Também a deputada Cecília Meireles deverá seguir-se a Mota Soares, no Porto, o atual líder parlamentar Nuno Magalhães manter-se-á em Setúbal e Telmo Correia voltará a concorrer em Braga. 
A deputada Teresa Caeiro deixará Lisboa para ir a votos noutro círculo menos concorrido, em posição seguramente elegível, e outros rostos habituais da bancada centrista como Hélder Amaral, Filipe Lobo d’ Ávila, Abel Batista ou João Rolo, também estão nas listas.

domingo, 26 de julho de 2015

A corrida da diplomacia de longa distância

POLÍTICA
Javier Solana - 17 de julho de 2015


























MADRID - O êxito das negociações sobre o programa nuclear do Irão fornece uma validação esplêndida para aqueles que depositam sua fé na diplomacia.
O acordo - concluiu depois de mais de uma década de negociações - destaca o valor da persistência para enfrentar impasses que parecem intransponíveis, e oferece esperança para muitas outras iniciativas que serão necessários para trazer uma paz duradoura para o Médio Oriente.

A União Europeia, que iniciou as negociações, deve estar orgulhosa do seu esforço.
E o papel dos Estados Unidos foi notável, no trabalho incessante do secretário de Estado, John Kerry, mesmo de muletas, para acabar com o impasse de 35 anos entre o seu país e o Irão, a pressão crítica do presidente Barack Obama para concluir as negociações. Da mesma forma, o presidente iraniano, Hassan Rohani deve ser elogiado por sua determinação de concluir a empresa ele começou mais de uma década atrás, quando ele atuou como Secretário do Irão do Conselho Supremo de Segurança Nacional.

Rouhani e eu nos conhecemos em 2003, sentado em frente a um ao outro nas primeiras negociações nucleares, quando a nossa equipa de negociação era composta por apenas europeus.
A eleição de Mahmoud a Ahmadinejad como presidente do Irão em 2005 descarrilou essas conversações e, finalmente, levou à imposição de sanções.
Mas eu tinha visto o quão determinado Rouhani foi chegar a um acordo.
E, de fato, quando Rouhani sucedeu a Ahmadinejad em 2013, uma porta se abriu.

Rouhani me convidou para sua inauguração, em agosto de 2013. Durante essa visita, eu era capaz de participar de reuniões com ele e outros líderes iranianos, incluindo Mohammad Zarif, ministro das Relações Exteriores do Irão e, mais tarde, o seu principal negociador nas negociações em Viena.
Eu rapidamente vi que com esses homens no comando do Irão um acordo seria possível.

O acordo - conhecido como o Plano Conjunto Integrado de Acção (JCPOA) -  limita o programa nuclear iraniano para fins pacíficosem troca do levantamento de todas as sanções internacionais sobre o país.
Para os próximos 15 anos, o Irão não terá permissão para enriquecer urânio a mais de 3,67% (para construir uma bomba nuclear requer urânio enriquecido a pelo menos 85%). Enriquecimento somente será permitido na instalação nuclear de Natanz - não à instalação de Fordow subterrânea.
E o Irão terá que manter seu estoque de urânio enriquecido 3,67% para abaixo de 300 quilogramas.

Além disso, o JCPOA obrigará o Irão a reduzir o número de centrifugadoras, que são utilizadas no processo de enriquecimento, para progressivamente nos próximos dez anos.
Da mesma forma, o reator de água pesada em Arak terá de ser redesenhado para produzir apenas radio-isótopos para fins medicinais e industriais, ou para a investigação sobre outros usos pacíficos da energia nuclear, com o combustível irradiado que produz enviado para fora do país.

Mais importante, o Irão se comprometeu a aplicar o Protocolo Adicional da Agência Internacional de Energia Atômica, proporcionando a organização com acesso em à volta do relógio para todos os componentes do seu programa nuclear por 15 anos.
A AIEA também irá monitorar a produção de centrifugadoras para 20 anos.

Tornou-se possível o acordo pelo fato de que os interlocutores do Irão - os membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas, da Alemanha, e a União Europeia (E3 / UE + 3) - foram capazes de manter uma posição comum durante um processo que jogou fora por mais de dez anos.
Isto era verdade mesmo durante o impulso de negociação, quando um debate sobre as sanções contra o comércio do Irão de armas convencionais e de mísseis balísticos ameaçou abrir uma brecha entre os parceiros.
Enquanto a Rússia e China firmaram que a assinatura de um acordo que tornaria qualquer tipo de sanção legalmente injustificáveis, os EUA procuraram acalmar os temores dos países vizinhos do Irão, tanto quanto possível.

O consenso entre os parceiros de negociação - um dos poucos pontos de concordância em relação ao Médio Oriente entre membros permanentes do Conselho de Segurança - foi crucial para convencer o Irão a tomar as negociações a sério.
E, em um momento de tensão persistente entre a Rússia e os EUA e a Europa, o que resultou em um impasse político crônico no Conselho de Segurança, a capacidade das partes para permanecer unidas justifica um maior optimismo em relação ao futuro.

Na verdade, vale a pena considerar se a cooperação entre os membros permanentes do Conselho de Segurança e a União Europeia pode ser útil para avançar em outras questões.
O Ocidente e a Rússia partilham um interesse na estabilidade no Médio Oriente, assim como a China, que está particularmente preocupada com a segurança do seu abastecimento de energia.

O que é mais necessário - e mais difícil de alcançar - é uma aproximação entre Irão e Arábia Saudita.
Muitos dos conflitos no Médio Oriente têm suas raízes na tensão entre sunitas e xiitas Islão.
Cooperação entre sunitas e xiitas será vital para derrotar o extremismo do Estado islâmico, bem como para colmatar as lacunas entre combatentes na Síria, Iraque, Iémen e Líbano. o Irão deve demonstrar que é um jogador responsável na região - e não apenas um suporte de poder xiita.

O restabelecimento dos laços entre os EUA e o Irão, sem dúvida, têm repercussões em Israel e na Palestina.
Embora o acordo com o Irão objectivamente torna Israel mais seguro, o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu considera um erro histórico.
Para amenizar o sentido de seu aliado tradicional de abandono, os EUA, pode - equivocadamente - suspender o apoio às iniciativas que reconhecem o Estado da Palestina, nos próximos meses.
Mas é essencial que a UE, que financia e mantém instituições provisórias da Palestina, não cedam na sua determinação em torná-los permanentes.

O acordo histórico com o Irão é apenas um dos muitos que serão necessários para trazer paz e estabilidade ao Médio Oriente.
O primeiro obstáculo foi ultrapassado.
Temos agora de executar o resto da corrida.

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Portugal tem a terceira maior dívida pública da UE

DÍVIDA PÚBLICA
Nuno André Martins - 22/7/2015, 13:42

Valores da dívida pública na zona euro e na União Europeia voltaram a crescer no primeiro trimestre do ano. 
Portugal continua no pódio, só ultrapassado pela Grécia e pela Itália.

A dívida pública entre os países da zona euro cresceu para os 92,9% nos primeiros três meses deste ano, mais 0,9 pontos percentuais que nos últimos três meses do ano passado. 
Portugal tem a terceira maior dívida pública (em percentagem do PIB) da União Europeia, ultrapassado apenas pela Grécia e pela Itália.

129,6% do PIB, é o valor calculado pelo Eurostat para a dívida pública portuguesa no final do primeiro trimestre de 2015. 
Mais que Portugal só mesmo a Grécia, com 168,8%, e a Itália, com 135,1%.

Entre os 27 países (não há valores disponíveis para a Irlanda), há ainda mais dois com dívidas acima dos 100% do PIB: a Bélgica, com 111%, e Chipre, com 106,8%.

A dívida pública na União Europeia é, em média, de 88,2%.


Abaixo dos 60% do PIB de referência, apenas 11 países, especialmente países de leste, como é o caso da Estónia, com 10,5%, e da Bulgária, com 29,6%.

terça-feira, 21 de julho de 2015

Contas externas pioram em maio e registam défice de 104,3 milhões

BANCO DE PORTUGAL
Agência Lusa  -  21/7/2015, 12:50
As contas externas de Portugal registaram um défice de 104,3 milhões de euros até maio, uma degradação de 471,6 milhões de euros face ao mesmo período de 2014.




















Lisboa, 21 jul (Lusa) — As contas externas de Portugal registaram um défice de 104,3 milhões de euros até maio, uma degradação de 471,6 milhões de euros face ao mesmo período de 2014, divulgou hoje o Banco de Portugal (BdP).

Segundo o Boletim Estatístico hoje publicado pelo BdP, as contas externas portuguesas registaram um saldo negativo de 104,3 milhões de euros até maio, quando no mesmo período do ano passado apresentaram um excedente de 367,3 milhões.

Até maio deste ano, a balança corrente registou um défice de 911,1 milhões de euros, pior do que o saldo negativo de 776,1 milhões de euros verificado nos primeiros cinco meses de 2014.

Já a balança de capital obteve um saldo positivo de 806,9 milhões de euros até maio, abaixo do excedente de 1.143,4 milhões registado no mesmo período do ano passado.

Em 2014, as contas externas de Portugal fecharam nos 3.608,2 milhões de euros, um saldo que, apesar de positivo, foi inferior em mais de 2.500 milhões ao de 2013.

SP// ATR

Lusa/fim

Dívida pública sobe mais de 3.700 milhões e atinge 229.204 milhões em maio

BANCO DE PORTUGAL
Agência Lusa  -  21/7/2015, 12:23
A dívida das administrações públicas subiu 3.777 milhões de euros em maio face a abril, fixando-se nos 229.204 milhões de euros, segundo números divulgados pelo Banco de Portugal.



















A dívida das administrações públicas subiu 3.777 milhões de euros em maio face a abril, fixando-se nos 229.204 milhões de euros, segundo números divulgados pelo Banco de Portugal (BdP).

De acordo com o Boletim Estatístico hoje publicado pelo banco central, a dívida pública na ótica de Maastricht, a que conta para Bruxelas, fixou-se nos 229.204 milhões de euros em maio, o que representa um aumento face ao valor de 225.427 milhões de euros registado em abril.

Também a dívida líquida de depósitos da administração central subiu entre os dois meses, em 527 milhões de euros, de 208.504 milhões de euros em abril para 209.031 milhões em abril.

Comparando com o final de 2014, os dados referentes a maio demonstram que a dívida pública aumentou quase 4.000 milhões de euros e a dívida pública excluindo os depósitos cresceu cerca de 900 milhões.

No final do ano passado, a dívida pública fixou-se nos 225.280 milhões de euros e a dívida pública líquida de depósitos da administração central nos 208.128 milhões de euros.

A dívida na ótica de Maastricht é utilizada para medir o nível de endividamento das administrações públicas de um país e o conceito está definido num regulamento de 2009 do Conselho Europeu, relativo à aplicação do protocolo sobre o procedimento relativo dos défices excessivos anexo ao Tratado que institui a Comunidade Europeia

sábado, 18 de julho de 2015

Capitalização dos juros dos certificados de aforro pode elevar dívida pública

DÍVIDA PÚBLICA
Ana Suspiro  -  17/7/2015, 17:56

Eurostat está a rever a contabilização de produtos de dívida. A capitalização acumulada de juros pode passar a contar para a dívida pública e fazer subir o valor em mais de quatro mil milhões.





















A capitalização dos juros associados aos certificados de aforro poderá fazer crescer a dívida pública portuguesa em 4.100 milhões de euros, o que corresponde a 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB).

Este cenário é adiantado pela UTAO (Unidade Técnica de Apoio Orçamental) com base na revisão que o Eurostat, o organismo estatístico europeu, está a realizar do manual do défice das administrações públicas. 
“Neste sentido, deve passar a ser incluída a capitalização acumulada dos respetivos juros no valor da dívida de Maastricht”, a que conta para as instituições internacionais.

O alerta surge na análise final às contas públicas do primeiro trimestre deste ano, na ótica da contabilidade nacional, que é a que vale para o cálculo do défice e da dívida do Estado.

No caso de Portugal, esta revisão, acrescenta a unidade técnica do Parlamento, incide sobre os juros capitalizados (juros acumulam ao capital investido, sem serem distribuídos) de certificados de aforro. 
Segundo dados do Banco de Portugal, esse montante ascendia a 4,1 mil milhões de euros no primeiro trimestre de 2013, o que equivale a 2,3% do PIB. 
Ora este valor equivale à redução de dívida pública prevista para 2015, que seria o primeiro ano de inversão na trajetória de agravamento dos últimos anos.

Ainda segundo a UTAO, a dívida pública deveria baixar 4.100 milhões de euros este ano, uma evolução associada a uma redução do défice e 4900 milhões de euros. 
Para além da eventual alteração de regras dos certificados, a concretização destes resultados depende da utilização dos depósitos do Estado (que contribuem para a dívida bruta) e venda do Novo Banco, prevista para este verão.

A UTAO diz que a clarificação das regras de contabilização dos juros capitalizados acumulados será realizada num fórum de discussão permanente para questões metodológicas, ao nível do sistema estatístico europeu

A UTAO assinala que os juros capitalizados associados a estes produtos de aforro diminuíram entre 2007 e 2013, período em que estes instrumentos perderam poupanças e investidores.

Mas a situação inverteu-se com a fixação de regras mais atrativas para os certificados de aforro, o que conduziu a um aumento dos juros capitalizados. 
Em 2007, este valor chegou a atingir os 6,5 mil milhões de euros, o que equivalia a 3,7% do PIB.

No final do primeiro trimestre, a dívida pública atingiu 225,9 mil milhões de euros, o que representa 129,6% do Produto Interno Bruto. 
Este valor corresponde a um aumento 0,6% em termos nominais e a um desagravamento em percentagem do PIB, face ao final de 2014. 
A dívida líquida de depósitos cresce 800 milhões de euros, baixando em percentagem do PIB, situando-se em 119,8%.

quarta-feira, 15 de julho de 2015

A crise grega aprofunda linhas de falha da europa

Análise
12 de julho de 2015 | 20:45 GMT

Euro- moedas e notas com o mapa da Europa

Resumo

Após intensas negociações, 11 de julho e 12, o Eurogrupo deu a Grécia até 15 de julho para introduzir reformas econômicas adicionais em troca de um terceiro programa de resgate.
Mas as negociações também estão dividindo os credores.
Países conduzidos pela Alemanha estão discutindo abertamente a possibilidade de a Grécia deixar a zona do euro, enquanto outros liderados pela França estão pressionando por um acordo político. Como resultado, a crise grega poderia desestabilizar vários governos em toda a zona do euro, intensificando as divisões entre os países do norte e do sul da Europa e inverter seis décadas de integração continental.

Análise

Os ministros das Finanças da zona do euro perguntaram à Grécia em 12 de Julho para introduzir reformas adicionais sobre as pensões, aprovar um programa mais amplo de privatizações, rever a sua legislação do trabalho, limpar seu setor bancário e despolitizar a sua administração pública.
Só então, os ministros das Finanças acreditam, irá Atenas estar em condições de iniciar as negociações para um terceiro pacote de resgate.

Os eventos do fim de semana foram notáveis, porque eles destacaram a medida em que a crise vai além da situação na Grécia.
Pela primeira vez em seis décadas de integração europeia, a Alemanha, um dos membros fundadores das Comunidades Europeias, é aberta à idéia de inverter o processo de convergência económica e política na Europa.
Enquanto os membros do Eurogrupo estavam debatendo em Bruxelas, imprensa alemã revelou que Ministério das Finanças do país emitiu um documento interno sugerindo ser suspensa a Grécia da zona do euro, durante cinco anos.
É e um desenvolvimento notável.
Isso mostra que uma parte do governo alemão não acredita mais que o euro é "irreversível", como os tratados da UE o descrevem

Além disso, o drama grego aprofundou o atrito entre a Europa do Mediterrâneo e o Norte da Europa.
A Alemanha não é o único país a fazer exigências adicionais para a Grécia.
Outros países do norte, como a Finlândia e os Países Baixos apoiaram-na.
Mesmo as economias mais pequenas, como a Eslováquia, a Eslovénia, a Letónia e a Lituânia estão céticas da capacidade e vontade de introduzir reformas por Atenas.
Muitos destes pequenos países introduziram medidas de austeridade dolorosas para lidar com a crise financeira da Europa e agora se opõem a qualquer leniência com a Grécia.
O primeiro-ministro letão Laimdota Straujuma observou recentemente a ironia de pedir a pequena nação báltica de fornecer ajuda financeira à Grécia, um país "onde as pensões são duas vezes tão elevadas quanto as da Letónia."

A Grécia não tem muitos amigos no Eurogrupo estes dias, mas a França e a Itália tenham recentemente suavizado a sua posição e solicitaram uma solução política para manter Atenas na zona do euro.
Paris e Roma temem o contágio financeiro de um Grexit, numa altura em que as suas economias estão lutando para crescer e criar empregos.
Ambos os países também têm governos de centro-esquerda, onde vários legisladores simpatizam com a Grécia e querem uma solução política para a crise.
Confrontando a posição alemã, o presidente francês, François Hollande, disse que Paris está disposto a fazer o que for preciso para manter a Grécia na zona do euro, enquanto primeiro-ministro italiano Matteo Renzi perguntaram a Berlim para parar de humilhar a Grécia.

A União Europeia provavelmente sobrevivem a uma Grexit, mas definitivamente entrarão em colapso se a França e a Alemanha, as duas maiores potências políticas e econômicas do bloco, estão num grande desacordo.
Após o referendo grego, Paris ajudou Atenas apresentar propostas mais abrangentes de reforma econômica, somente para enfrentar uma Alemanha inabalável.
França tem tradicionalmente procurado a ser uma ponte entre o Norte e o Sul da Europa, como a sua localização faz com que seja uma nação do Mediterrâneo e do norte.
A crise grega tem feito esta estratégia particularmente difícil, porque protegendo os laços com Berlim agora em conflito com o objetivo de conduzir o Sul da Europa.

Preocupações nacionais

A crise grega também está gerando preocupações internas para os principais agentes envolvidos.
A votação no parlamento grego 10 de julho, quando os legisladores aprovaram um plano para introduzir medidas de austeridade menos de uma semana após essas medidas foram rejeitadas num referendo, fraturou o governo grego.
17 membros do partido do Syriza no poder votaram contra, se abstiveram ou não estavam presentes na votação, colocando o controle primeiro-ministro Alexis Tsipras 'sobre uma maioria do parlamento grego em causa.
O governo grego tem uma maioria no parlamento por 11 assentos, e o plano só foi aprovado por causa do apoio da oposição.

Imediatamente após a votação, o ministro da Economia grego Giorgos Stathakis disse que os legisladores que não concordam com os planos do governo devem ser expulsos do Syriza.
Este é provavelmente o pior momento para começar uma caça às bruxas na Grécia, enquanto o governo era frágil mesmo antes da votação.
Uma das principais preocupações para os países do Norte da Europa é saber se o parlamento grego seria capaz de introduzir reformas em troca de fundos adicionais.
A 10 de julho votação confirma que Tsipras provavelmente terá o apoio da oposição a aprovar a legislação que ele está prometendo aos credores, uma situação que o primeiro-ministro pode não estar disposto a tolerar por muito tempo.
Dada a situação política da Grécia, o colapso do atual governo está se tornando cada vez mais provável.

Mas a crise da Grécia também está criando problemas internos para aos credores.
Desde que as negociações com a Grécia começaram no início de fevereiro, a chanceler alemã Angela Merkel viu a resistência de membros conservadores em seu partido CDU / CSU, que duvidam da sinceridade de Atenas em suas promessas de reforma.
Um terceiro resgate grego terá que ser ratificado pelo parlamento alemão, o que em parte explica por que Berlim está empurrando Atenas para condições rigorosas antes de qualquer dinheiro seja liberado.

No entanto, Merkel governa em coligação com o Partido Social Democrata de centro-esquerda da Alemanha (SPD), que tende a ser relativamente suave sobre a Grécia.
Membros do SPD recentemente criticaram o líder do partido, Sigmar Gabriel, por causa das suas afirmação de que o referendo grego queimou todas as pontes para um acordo.
A proposta do Ministério das Finanças alemão para suspender a participação da Grécia na zona do euro colocou o SPD em uma situação embaraçosa, e o partido emitiu um comunicado 11 de julho apoiar a iniciativa da França de manter a Grécia na zona euro. Merkel e seu CDU / CSU são populares e o SPD não está pronto para fazer a queda do governo e ter eleições antecipadas, mas como a crise grega testa a capacidade de resistência da aliança franco-alemã, que também está testando a força de coligação no poder da Alemanha.

Finalmente, a crise grega está desafiando o governo finlandês também.
Desde março, a Finlândia tem sido governada por uma coaligação que inclui o Partido dos Verdadeiros Finlandeses Euroskeptic, que se opõe a um terceiro resgate para Atenas.
Finlândia tem tradicionalmente seguido uma linha dura quando se trata de resgates da zona do euro, mas a composição do governo reduziu o quarto de Helsínquia para manobrar.
Tal como a Alemanha, o parlamento finlandês terá de ratificar um terceiro resgate para a Grécia.

Uma crise sistêmica

A União Europeia não está meramente enfrentando uma crise grega.
Ela está enfrentando uma crise sistêmica.
Os eventos na Grécia mostraram a medida em que uma união monetária sem uma união fiscal leva ao conflito na Europa.
O governo grego apresentou o conflito como uma tentativa de enfraquecer a democracia da Grécia, que é uma explicação incompleta.
A zona do euro é um clube de 19 democracias com seus próprios interesses, prioridades nacionais e constrangimentos.
Cada ator tem de prosseguir os seus próprios objectivos, o tempo todo acorrentada por sua política interna.

O governo grego prometeu acabar com a austeridade, permanecer na zona do euro e alcançar o alívio da dívida, que acabaram por se revelar impossível.
O governo alemão precisa proteger os seus mercados de exportação - e, portanto, a união monetária - assegurando ao mesmo tempo o dinheiro do contribuinte não é desperdiçado.
Os governos francês e italiano quero conduzir a Europa Mediterrânea, protegendo seus laços políticos com a Alemanha.
Resgate países, como a Espanha, Portugal e Irlanda, estão com medo de que leniência com a Grécia iria fortalecer as forças políticas anti-austeridade em casa.
E pequenas nações do norte e do Báltico, onde a crise econômica foi particularmente grave durante os primeiros estágios da crise financeira, rejeitam a idéia de ter que comprometer a sua riqueza nacional para ajudar um país do outro lado do continente.

As coisas provavelmente seriam mais fáceis se a Europa fosse uma federação, mas a história e a geografia tornam impossível.
O que começou como um debate técnico sobre a situação fiscal de um país periférico se transformou em um conflito que está descascando as debilidades estruturais da União Europeia.
A União Europeia ainda tem uma semana para encontrar uma solução para este conflito.
Da dívida da Grécia com o Banco Central Europeu, afinal, é devida 20 de julho.
As decisões tomadas nas próximas horas, no entanto, irão moldar o futuro não só da Grécia, mas também o destino da União Europeia.































Grécia e a iminente divisão Franco-Alemã

Análise
15 de julho de 2015 | 15:00 GMT
A chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, François Hollande deixam na sequência de uma conferência de imprensa conjunta em Paris, em 06 de julho.

Resumo

Líderes franceses tiveram um papel ativo nas negociações nas semanas que antecederam o acordo da Grécia com os seus credores por causa das preocupações de uma combinação de longo e de curto prazos. 
França é simultaneamente um país mediterrâneo como um país da Europa do Norte, e como tal está interessado em preservar o seu papel como um intermediário entre a Alemanha e a periferia da zona do euro.
Paris também está preocupada com as consequências económicas e políticas de uma potencial "Grexit", particularmente a desestabilização da região do Mediterrâneo Oriental e o risco de a crise se espalhe para as economias frágeis do Sul da Europa.

A estratégia de linha dura da Alemanha durante as negociações com a Grécia criou o potencial para um futuro conflito entre Paris e Berlim, especialmente porque a resistência à austeridade e, em alguns casos, a integração europeia está a crescer na Europa Mediterrânea.
Mais países provavelmente vão resistir à liderança alemã no futuro, tornando mais difícil para a França preservar o seu papel de mediador entre o Norte e o Sul da Europa.
Além disso, os desenvolvimentos políticos em França poderiam aumentar a resistência à liderança da Alemanha da União Europeia.

Análise

Alemanha adotou a postura de negociação que fez com a Grécia por causa das suas necessidades econômicas e políticas.
Como a maior economia da Europa, a Alemanha quer impedir a União Europeia de se tornar uma união de transferência, em que os países do norte subsidiem permanentemente o sul.
Isso explica a relutância da Alemanha para aceitar solicitações da Grécia para o perdão da dívida e a sua insistência de que nenhum membro da zona do euro podem não pagar sua dívida e permanecer na união monetária.

Há também uma componente interna ao comportamento de Berlim: Durante a última década, o governo alemão construiu uma narrativa que culpa as nações do sul para as deficiências da zona do euro e contrasta produtividade alemã à ineficiência Mediterrânea.
À medida que a crise grega escalou, esta narrativa limitou o quarto de Berlim para a ação, e a chanceler alemã, Angela Merkel foi forçada a garantir um acordo com Atenas que os próprios parlamentares conservadores e os eleitores poderiam aceitar.

Mas os estrategistas alemães encontraram resistência inesperada em França.
Durante as fases iniciais da crise, o governo francês manteve-se relativamente silencioso num esforço para proteger os seus laços com a Alemanha, que são o fundamento da União Europeia e um elemento-chave para a paz na Europa.
Mas como a crise se agravou, Paris mudou a sua estratégia.
As autoridades francesas ajudaram os seus homólogos gregos a apresentar propostas melhoradas para as reformas económicas, e o presidente francês François Hollande tornou-se o mais forte defensor de um acordo durante as negociações da maratona, em Bruxelas.

Comportamento da França irritou os alemães.
Depois de ajudar os gregos elaborar as suas propostas, os franceses descobriram que a Alemanha estava realmente considerando suspender temporariamente adesão da Grécia na zona do euro.
No entanto, os negociadores finalmente chegaram a um acordo que sobre os benefícios superficiais ambos os alemães e os franceses. Os alemães estavam satisfeitos porque Atenas foi convidado a introduzir reformas profundas antes de receber qualquer dinheiro fresco.
França salvou cara porque ela foi capaz de ajudar a evitar uma Grexit e demonstrar o seu papel como um ator político fundamental na Europa.
No entanto, o acordo estabeleceu um precedente perigoso para a Europa.

Lugar da França na Europa

A posição geográfica da França na Europa explica a sua estratégia em evolução durante as negociações da dívida.
A União Europeia foi concebida como uma aliança entre a Alemanha e a França, que traria a paz e a prosperidade na Europa. Na sua forma original, ela foi concebida para reunir força econômica da Alemanha e do poder político e militar da França.
Seu objetivo era integrar Alemanha pós-guerra numa ampla aliança europeia sob a liderança francesa.

Mas muitas coisas mudaram nas últimas seis décadas.
Em primeiro lugar, a evolução da União Europeia de um clube de seis países da Europa Central e Ocidental para um bloco de 28 nações que se estende desde a Península Escandinava ao Mar Negro mudou a configuração do poder e influência na Europa.
Isto coincidiu com um empurrão para consolidar uma estrutura institucional robusta para impor um conjunto de regras comuns em matéria de responsabilidade fiscal e governança supranacional. Além disso, a reunificação da Alemanha consolidou o seu papel como a maior e mais populosa economia no continente, enquanto o euro foi criado como uma moeda comum que forçaria a Alemanha, a França e o resto da União Europeia numa busca permanente de consenso.

Mais recentemente, a crise econômica enfraqueceu a economia francesa e, como resultado, a influência política da França. 
Enquanto isso, ela melhorou o papel da Alemanha como o principal tomador de decisões na Europa.
A França ainda é a principal força militar na Europa continental e tem estado particularmente activa no exterior nos últimos anos, como exemplificado pelas suas intervenções no Norte de África e na África Central.
Mas Paris está preocupada com a sua influência política enfraquecida nos assuntos da UE.
Hoje, muitas das decisões mais importantes da Europa são feitas em Bruxelas, Berlim e Frankfurt.

Essas dinâmicas de mudança eram claras durante as negociações do Eurogrupo sobre a crise grega.
Berlim ganhou o apoio dos companheiros das nações da Europa do Norte e Central, incluindo os Países Baixos, Finlândia, Eslováquia e os Estados Bálticos, a maioria dos que fazem parte da cadeia de suprimentos da Alemanha e todos os que têm fortes laços comerciais com os alemães.
Mas, por razões históricas, a Alemanha é um potência hegemônica relutante.
Berlim não quer ser percebida como a utilização da sua supremacia unilateralmente, e ela precisa para garantir o máximo de consenso possível na sua posição de liderança da União Europeia. 
Em muitos casos, isto significa que acomoda Paris.

Ao contrário da Alemanha, a França é tanto um poder do norte como um poder do sul da Europa.
Paris deve consolidar uma esfera de influência no Mediterrâneo como um contrapeso para Berlim.
A região do Mediterrâneo oriental já está em fluxo, com uma guerra civil na Síria, a tensão política na Turquia e um Estado falhado na Líbia.
A Grécia também é um ponto de entrada para os requerentes de asilo e migrantes, alguns dos quais poderiam estar ligados ao terrorismo.
França teme que a Grécia caótica e empobrecida poderia levar a uma crescente instabilidade na região - uma visão que é compartilhada por Itália, outra potência do Mediterrâneo.
Além disso, Paris teme que um Grexit produziria um efeito dominó terminando com a moeda comum e, no processo, cortando os laços políticos e institucionais que se ligam a Alemanha à França.

Paris impulsionou "para um acordo com Atenas também foi afetada por muitos cálculos de curto prazo.
Vários legisladores do governo do Partido Socialista da França pressionados por Hollande para ajudar mais ativamente a administração do Syriza em Atenas.
Paris também preocupado que um Grexit poderia ter levado a repercussões económicas e financeiras negativas para a sua frágil recuperação econômica da França, menos de dois anos antes da próxima eleição presidencial francesa.
Para além destas preocupações imediatas, porém, o raciocínio francês foi guiado principalmente pela necessidade de reforçar o seu papel como uma ponte entre a Europa do sul e do norte.

A Crise Vindoura

Por enquanto, a estratégia de linha-dura da Alemanha tem funcionado.
Merkel popularidade é forte em casa, enquanto o ministro das Finanças Wolfgang Schaueble foi elogiado pela imprensa local para defender os interesses da Alemanha.
No longo prazo, porém, a estratégia é perigosa porque mostrou um lado particularmente desagradável da liderança da Alemanha da União Europeia.
Com sentimentos euroskeptic e anti-austeridade em ascensão em países como a Espanha, Itália e Portugal, nos próximos meses e anos Berlim provavelmente vai ter que lidar com outros países exigindo uma mudança de direção na zona euro.

Berlim também deve esperar mais problemas com Paris.
A França e a Alemanha têm diferentes pontos de vista sobre o papel e a função da União Europeia.
França quer uma aliança política em que as regras do défice e da dívida sejam flexíveis, alguma inflação é tolerada, a fim de criar postos de trabalho, e algum grau de protecionismo é aceite para proteger as economias locais.
Alemanha, por outro lado, acredita que a única responsabilidade fiscal e baixa tolerância para infracções de regras da UE vai impedir uma nova crise.

Essas visões se confrontaram várias vezes desde o início da crise europeia e continuarão a, potencialmente, mais frequentemente, por causa das tendências políticas atuais na Europa.
Muitas das crises crescentes na Europa (assim como os principais movimentos políticos que empurram para uma mudança de direção) se originará nos países mediterrânicos.
Isto irá colocar a França em uma posição cada vez mais difícil, já que Paris vai lutar para manter boas relações com Berlim, quando representando os interesses da Europa do Sul.
Além disso, os desenvolvimentos políticos em França vão levar a um conflito com a Alemanha, especialmente se um candidato ligeiramente euroskeptic de centro-direita e um da direita nacionalista acabar como os principais candidatos na eleição presidencial francesa em 2017, como parece provável.

Um ponto poderia ser feito que a Grécia é uma economia pequena e a Alemanha teria se comportado de forma diferente se se tratasse da Itália ou Espanha.
Maiores economias da zona euro podem pensar que eles são grandes demais para cair e teriam uma chance melhor nas negociações.
No entanto, eles também poderiam pensar que a crise demonstrou que a união de transferência nunca se concretizou, que a adesão à zona euro não é tão "irreversível", como dizem os líderes da UE, e que agora é a hora de proteger suas próprias economias.
Isso pode significar várias coisas para as nações do Mediterrâneo, de propor a reintrodução de barreiras comerciais para deixar a união monetária completamente.
Em última análise, não importa que a Alemanha nunca cumpriu as suas ameaças de expulsar a Grécia da zona do euro.
O negócio grego atrasou o caos e um Grexit teria causado, mas levou a debate sobre a irrevogabilidade da integração na UE, o que pode muito bem ser tão perigoso para o projecto europeu.