domingo, 12 de agosto de 2018

Monchique: Marcelo recusa "triunfalismos" injustificados

MONCHIQUE
Lusa   11 Agosto 2018 — 13:18
Marcelo visitou Monchique este sábado

O Presidente da República sublinhou este sábado que não é a ausência de vítimas mortais que traz "consolo" à população, recusando entrar em "triunfalismos" injustificados, em relação ao incêndio que deflagrou no Algarve.

Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, sublinhou este sábado que não é a ausência de vítimas mortais que traz "consolo" à população, recusando entrar em "triunfalismos" injustificados, em relação ao incêndio que deflagrou em Monchique, no Algarve.

"O que eu sugeriria humildemente era o seguinte: sem triunfalismos, que não se justificam, sem juízos negativos definitivos já, mas sim preocupações, desabafos e sugestões para o futuro. 
Vamos terminar esta batalha, esta guerra e esta época [de incêndios]", afirmou o chefe de Estado.

Marcelo Rebelo de Sousa respondia assim, à saída de um 'briefing' no posto de comando da Proteção Civil, instalado no centro da vila de Monchique, a alguns populares e um vereador da autarquia que o questionaram sobre a apreciação feita na sexta-feira pelo Governo à operação de combate ao incêndio, além de se queixarem de falta de coordenação, de comunicações e de meios parados, por exemplo.

Nesse dia, o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, afirmou que "a grande vitória" da operação de combate ao incêndio de Monchique é a inexistência de vítimas mortais, acrescentando estar satisfeito por poder "celebrar" o facto de ninguém ter morrido.

Questionado depois pelos jornalistas sobre estas declarações, o Presidente da República recusou falar sobre o que, a seu ver, "não é essencial".

"É prematuro, neste momento, estar a olhar para uma batalha que está perto da conclusão, mas que não está concluída, e uma guerra que está longe de estar concluída e fazer um balanço daquilo que aconteceu globalmente", sublinhou.

Comissão permanente na AR
O Presidente da República propôs também a criação de uma "comissão independente permanente", sob alçada da Assembleia da República, para fazer a avaliação da época de incêndios e "ajudar" o Governo, o próprio chefe de Estado e instituições.

Marcelo fez esta proposta enquanto falava com populares, acrescentando que a comissão poderia debruçar-se sobre as ignições e fogos registados, e analisar se a "forma de prevenção" ou se as respostas resultaram ou não.

O presidente sugeriu que a comissão permanente seja a mesma que existiu em relação aos grandes incêndios de junho e outubro do ano passado e que vá "acompanhando, em diálogo" com a Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais, as instituições governamentais e outras, "o que aconteceu ano após ano".

A comissão técnica independente criada no ano passado para analisar aqueles fogos, nomeada pela Assembleia da República e que produziu dois relatórios, foi liderada pelo investigador João Guerreiro, antigo reitor da Universidade do Algarve.

"Já se percebeu que o grau de exigência dos portugueses é muito alto. 
Já se percebeu que as alterações climáticas são cada vez mais complexas. 
Já se percebeu que o que sucede levanta problemas cada vez mais complexos. 
Vamos fazendo o balanço e aprendendo a lição ano após ano", acrescentou, já em declarações aos jornalistas.

27 mil hectares ardidos
O incêndio rural, combatido por mais de mil operacionais e considerado dominado na sexta-feira de manhã, deflagrou no dia 3 à tarde, em Monchique, distrito de Faro, e atingiu também o concelho vizinho de Silves, depois de ter afetado, com menor impacto, os municípios de Portimão (no mesmo distrito) e de Odemira (distrito de Beja).

A Proteção Civil atualizou o número de feridos para 41, um dos quais em estado grave (uma idosa que se mantém internada em Lisboa).

De acordo com o Sistema Europeu de Informação de Incêndios Florestais, as chamas consumiram cerca de 27 mil hectares. 
Em 2003, um grande incêndio destruiu cerca de 41 mil hectares nos concelhos de Monchique, Portimão, Aljezur e Lagos.

Na terça-feira, ao quinto dia de incêndio, as operações passaram a ter coordenação nacional, na dependência direta do comandante nacional da Proteção Civil, depois de terem estado sob a gestão do comando distrital.

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