Diogo Cavaleiro diogocavaleiro@negocios.pt | Marta Moitinho Oliveira martaoliveira@negocios.pt
18 de Novembro de 2016 às 00:01
Se a Caixa quer emitir já as obrigações a privados, conforme foi assumido inicialmente, a janela de oportunidade é diminuta. Resta menos de um mês até que os investidores institucionais entrem de férias. O Governo comprometeu-se com capitalização em 2016.
Os mercados têm uma palavra a dizer na capitalização da Caixa Geral de Depósitos.
É nos privados que o banco público pretende colocar 1.000 milhões de euros em obrigações com elevado grau de subordinação, ainda que só 500 milhões numa primeira fase.
Mas a indefinição na gestão e o calendário trazem dúvidas de que essa operação possa acontecer este ano.
"A CGD vai ser recapitalizada até final de 2016".
A afirmação consta do relatório de acção efectiva que o Ministério das Finanças entregou à Comissão Europeia em Outubro.
A colocação junto de investidores de 500 milhões de euros iria acontecer ao mesmo tempo da injecção estatal de 2,7 mil milhões de euros em dinheiro fresco.
Contudo, a 17 de Novembro, uma parte da capitalização, a que envolve os privados, está sob incerteza, como apontam ao Negócios várias fontes do sector financeiro.
É que, a partir de meio de Dezembro, em antecipação às festividades do Natal e de Ano Novo no Ocidente, o recurso aos mercados de financiamento é limitado.
Do lado da Caixa, há um argumento de peso para convencer os investidores: há um compromisso específico para que o Estado injecte até 2,7 mil milhões de euros no banco, a juntar à conversão dos instrumentos híbridos (CoCos) e à integração da Parcaixa, estes últimos num valor conjunto de 1,4 mil milhões.
A pressão do calendário não é apenas a dos mercados.
Ainda que o Banco Central Europeu e o Banco de Portugal não tenham de se pronunciar antes da operação, normalmente é necessária a apresentação de um prospecto, onde é feito um elenco dos vários riscos para os investidores dos títulos a serem colocados, o que é responsabilidade da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.
Ainda não houve aprovação do documento.
Além disso, é hábito que, antes das emissões de maior dimensão, ocorram "roadshows", em que o emitente tente mostrar a atractividade da operação.
No caso destas obrigações, o juro deverá ser elevado tendo em conta o grau de subordinação.
Uma fonte consultada pelo Negócios também sublinha o facto de os grandes investidores institucionais terem de justificar os seus investimentos: e a gestão da Caixa Geral de Depósitos está sob tensão devido à não entrega da declaração de rendimentos junto do Tribunal Constitucional, o que pode limitar a atractividade.
O Governo já disse que a capitalização da instituição financeira avança independentemente da administração, mas a decisão de não promover toda a capitalização em 2016 tem de ter em conta os efeitos dos resultados nos rácios de capital.
A Caixa tem de cumprir os rácios que acordou com o BCE no âmbito da sua avaliação (SREP).
Ao Negócios, Bruxelas já disse que "está em contacto" com as autoridades nacionais em relação à CGD, mas não afirmou se considera que a operação está atrasad
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