4 de Dezembro de 2016, 7:23
O
primeiro-ministro pode demitir-se e o ainda líder da direita diz-se
pronto a salvar a Itália. Caberá ao Presidente gerir a crise.
Sergio
Mattarella esperava um mandato mais tranquilo.
Esperava já não ter de
lidar com Silvio Berlusconi.
Quando aceita ser Presidente de Itália, o
melhor é mesmo contar com crises e com Il Cavalieri.
Aos 80 anos, Berlusconi assume um “exercício de responsabilidade patriótico” e, como o primeiro-ministro de centro-esquerda, Matteo Renzi, diz que se demite se o “não” derrotar a reforma constitucional no referendo deste domingo, anuncia o pleno regresso à política.
Aos 80 anos, Berlusconi assume um “exercício de responsabilidade patriótico” e, como o primeiro-ministro de centro-esquerda, Matteo Renzi, diz que se demite se o “não” derrotar a reforma constitucional no referendo deste domingo, anuncia o pleno regresso à política.
Garante que a sua saúde
nunca esteve melhor e acusa Renzi de “profanar” a democracia e
“pretender instaurar uma ditadura” com mudanças que fortalecem o
executivo.
Tudo na mesma, por aqui.
Tudo na mesma, por aqui.
O homem que irrompeu na
política italiana para ocupar à direita o espaço deixado vazio pela
crise do início dos anos 1990, que fez implodir o sistema partidário,
continua exagerado e autocentrado.
E sim, o homem dos mil conflitos de
interesses, falou num dos seus canais de televisão.
“Num momento de crise, a figura do chefe de Estado é particularmente importante, uma válvula de segurança”, dizia pela mesma altura Renzi, num programa do canal La7 dedicado ao referendo.
“Num momento de crise, a figura do chefe de Estado é particularmente importante, uma válvula de segurança”, dizia pela mesma altura Renzi, num programa do canal La7 dedicado ao referendo.
“Todos os italianos podem estar
tranquilos, estamos em óptimas mãos com o Presidente Mattarella.”
Então, o que se passa em Itália?
Então, o que se passa em Itália?
Renzi quis mudar a lei eleitoral e a
Constituição para alterar os poderes das duas câmaras do Parlamento e
cortar gastos com entidades territoriais.
Não correu bem.
A lei
eleitoral está nos tribunais e a reforma constitucional foi aprovada mas
sem votos suficientes para evitar uma consulta popular – que Renzi se
arrisca a perder.
Como disse e repetiu, demite-se nesse cenário.
Como disse e repetiu, demite-se nesse cenário.
Será Mattarella a receber a
sua demissão e a tentar perceber para onde se vai a seguir a isso.
Quem
promete uma festa nas ruas se a derrota do primeiro-ministro se
concretizar é o Movimento 5 Estrelas, o partido anti-partidos de Beppe
Grillo, que já controla câmaras como as de Roma e morde os calcanhares
do Partido Democrático, de Renzi, nas sondagens.
A última festa a celebrar a saída de um primeiro-ministro aconteceu mais ou menos nesta altura do ano, em 2011: o homenageado era Berlusconi, substituído então pelo governo de tecnocratas liderado por Mario Monti.
Aconselha-se calma ao 5 Estrelas.
A última festa a celebrar a saída de um primeiro-ministro aconteceu mais ou menos nesta altura do ano, em 2011: o homenageado era Berlusconi, substituído então pelo governo de tecnocratas liderado por Mario Monti.
Aconselha-se calma ao 5 Estrelas.
O “não” estava muito bem encaminhado nas
sondagens, mas os referendos são propensos a surpresas.
O voto postal
vindo do estrangeiro ultrapassou as expectativas e pode estragar a festa
à oposição.
Segundo o jornal La Repubblica, 40% dos quatro milhões
destes eleitores.
“Se o ‘sim’ conseguir dois terços dos italianos no
estrangeiro, então é possível”, diz Renzi. Os defensores do “não”
sustentam que estes votos são mais propícios a fraude e ameaçam ir para
os tribunais.
Mattarella terá muito com que se entreter, seja qual for o
desfecho.
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