segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Embaixador russo em Ancara assassinado. Atirador grita por Alepo

PÚBLICO
CLARA BARATA e JOÃO RUELA RIBEIRO
19 de Dezembro de 2016, 16:29 actualizada às 18:19



O embaixador russo na Turquia, Andrei Karlov, foi assassinado esta segunda-feira quando estava numa galeria de arte em Ancara, confirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo. 
O atacante, um polícia à civil, fez um discurso sobre a guerra na Síria, em que falou de Alepo, e foi "neutralizado" - baleado por outros polícias.

O Presidente turco, Recep Taiyyp Erdogan, já falou ao telefone com o seu homólogo russo, Vladimir Putin, diz a agência Reuters.

Moscovo diz que o homicídio do seu embaixador em Ancara vai ser tratado como um caso de "terrorismo". 
O Conselho da Federação Russa considerou este incidente como "uma grave falha do sistema de segurança turco, adianta a agência noticiosa russa Interfax.

O ataque ocorreu enquanto Karlov fazia um discurso na inauguração de uma exposição de fotografia na galeria, que é próxima da embaixada dos Estados Unidos. 
O atacante disparou um tiro para o ar, baleou o embaixador pelas costas e ainda feriu mais três pessoas, de acordo com o canal NTV. 
Segundo a agência Tass russa, o atirador seria um dos milhares de funcionários públicos despedidos após o golpe de Estado falhado de 15 de Julho na Turquia

Moscovo diz que o homicídio do seu embaixador em Ancara vai ser tratado como um caso de "terrorismo". 
O Conselho da Federação Russa considerou este incidente como "uma grave falha do sistema de segurança turco, adianta a agência noticiosa russa Interfax.
Andrei Karlov com Vladimir Putin, em Outubro, no aeroporto de Istambul



Os serviços de segurança turcos dizem que o homem era um membro das forças especiais da polícia que trabalhava em Ancara, mas não se encontrava de serviço no momento do atentado. 
Terá sido por ter mostrado um cartão de identificação da polícia que lhe foi dado acesso à inauguração, segundo os jornais locais. 
Os media turcos mostram imagens desse cartão, que o identifica como Mert Altintas.

















A embaixada russa diz suspeitar que o ataque tenha sido levado a cabo por um radical islamista, mas não foram dados mais pormenores sobre a sua identidade, nem o ataque reivindicado. 
Nas redes sociais, no entanto, tanto as contas ligadas à Al-Qaeda como ao Daesh celebram o assassínio, diz no Twitter Rita Katz, directora do SITE Intelligence Group, uma organização que monitoriza a actuação online de grupos terroristas.

Um vídeo mostra o momento em que o atirador atinge o embaixador com vários tiros nas costas e, em turco, faz referências a Alepo e ao Presidente sírio, Bashar al-Assad. 
"Não se esqueçam de Alepo, não se esqueçam da Síria", terá sido uma das frases que o homem gritou, segundo a BBC.
O porta-voz das Nações Unidas, Stephan Dujarric, condenou o homicídio de Karlov. 
"Não há justificação para um ataque contra um diplomata ou um embaixador", afirmou. 
Também o Departamento de Estado norte-americano condenou o ataque. 
O regime de Damasco também expressou a sua condenação.

Para terça-feira estava marcado um encontro em Moscovo entre o ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Mevlut Cavusoglu, e os seus homólgos russo e iraniano para discutir a situação na Síria - que deverá continuar na agenda.

A Rússia e a Turquia reaproximaram-se nos últimos meses, depois de as relações entre os dois países se terem degradado, especialmente depois de, em Novembro do ano passado, a Turquia ter abatido um caça russo enquanto sobrevoava a Síria.

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