domingo, 9 de setembro de 2018

Extrema-direita sobe nas primeiras projecções na Suécia, centro-esquerda e centro-direita empatados

ELEIÇÕES
Público
9 de Setembro de 2018, 19:06 
As urnas acabam de fechar na Suécia 

Nenhum dos blocos parece conseguir maioria absoluta, e ambos recusam trabalhar com a extrema-direita.

Os partidos de centro-esquerda têm uma liderança pequena nas primeiras projecções das legislativas na Suécia, onde as urnas acabam de fechar. 
Mas uma segunda projecção, minutos depois, dava uma ligeiríssima vantagem ao outro bloco, de centro-direita. 

Segundo a televisão TV4, a coligação entre os social-democratas, os Verdes e o Partido de Esquerda pode ficar com cerca de 40,1% dos votos. 
Segundo a televisão SVT, o bloco de centro-direita (Partido Moderado, Partido do Centro, Liberais e Democratas-Cristãos) obteria 39,6% e o bloco de centro-esquerda 39,4%

Na primeira projecção os Democratas Suecos, anti-imigração e anti-União Europeia, teriam 16,3%, uma subida em relação à eleição anterior em que obtiveram 12,9%. 
Porém, a outra projecção diz que este partido de extrema-direita pode ir até aos 19,2%. Poderá ser a segunda ou a terceira força política. 
Ainda assim, parecia mais abaixo do que muitas sondagens pré-eleitorais previam, pelo menos até à chegada dos primeiros resultados, ainda que estes fossem muito preliminares, apenas relativos a 160 distritos num total de 6000. 

O jornalista do Financial Times Richard Milne resume o que se sabe até agora: as duas sondagens à boca das urnas mostram “essencialmente um empate entre o centro-esquerda e o centro-direita (cada um dos campos marginalmente à frente em cada sondagem)”. 
E os Democratas Suecos conseguem aumentar significativamente a sua votação, "mas menos do que alguns temiam". 
Nenhum bloco admite trabalhar com o partido de extrema-direita, que tem raízes no movimento neonazi sueco.

Para Sarah de Lange, especialista em populismo e radicalismo da Universidade de Amesterdão, “mais impressionante do que os ganhos e perdas de partidos individuais é a continuação da fragmentação do sistema partidário”, escreveu no Twitter. 
“Os maiores partidos estão a ficar mais pequenos e os mais pequenos estão a ficar maiores.”

Cas Mudde, outro especialista em populismo, da Universidade da Georgia (EUA), aponta que enquanto o bloco de direita parece ter ficado relativamente estável, o de esquerda perdeu mais de cinco pontos percentuais. 
"Isto, em conjunto com a significativa viragem à direita tanto da direita como da esquerda, é uma grande perda para a esquerda sueca". 

A viragem à direita que o especialista refere nota-se sobretudo na adopção de políticas mais restritivas de asilo e imigração: sob o Governo social-democrata a Suécia passou de ser o país que mais refugiados recebeu per capita em 2015/16, para o que tem hoje uma das políticas mais restritivas. 

A principal lição a tirar, para Cas Mudde, é: "Seguir a direita radical em políticas e no discurso não vai impedir que se perca votos anti-imigrantes. 
Tanto os social-democratas como o Partido Moderado viraram à direita e mesmo assim desceram muito.”

O efeito mais imediato da fragmentação é a difícil governabilidade. 
Muitos observadores destas eleições antecipam que a formação de um executivo irá demorar algum tempo, e a provável falta de uma maioria absoluta obrigará a acordos com o bloco oposto. 

“Haverá um longo caminho antes que tenhamos um Governo”, antecipava a professora de ciência política Marie Demker, da Universidade de Gotemburgo. 
“Mas acredito que apesar de tudo, a solução mais provável seja que o bloco maior – seja ele de centro-direita ou de centro-esquerda – possa governar com o apoio do outro”

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