O jornalista do Financial Times Richard Milne resume o que se sabe até agora: as duas sondagens à boca das urnas mostram “essencialmente um empate entre o centro-esquerda e o centro-direita (cada um dos campos marginalmente à frente em cada sondagem)”.
E os Democratas Suecos conseguem aumentar significativamente a sua votação, "mas menos do que alguns temiam".
Nenhum bloco admite trabalhar com o partido de extrema-direita, que tem raízes no movimento neonazi sueco.
Para Sarah de Lange, especialista em populismo e radicalismo da Universidade de Amesterdão, “mais impressionante do que os ganhos e perdas de partidos individuais é a continuação da fragmentação do sistema partidário”, escreveu no Twitter.
“Os maiores partidos estão a ficar mais pequenos e os mais pequenos estão a ficar maiores.”
Cas Mudde, outro especialista em populismo, da Universidade da Georgia (EUA), aponta que enquanto o bloco de direita parece ter ficado relativamente estável, o de esquerda perdeu mais de cinco pontos percentuais.
"Isto, em conjunto com a significativa viragem à direita tanto da direita como da esquerda, é uma grande perda para a esquerda sueca".
A viragem à direita que o especialista refere nota-se sobretudo na adopção de políticas mais restritivas de asilo e imigração: sob o Governo social-democrata a Suécia passou de ser o país que mais refugiados recebeu per capita em 2015/16, para o que tem hoje uma das políticas mais restritivas.
A principal lição a tirar, para Cas Mudde, é: "Seguir a direita radical em políticas e no discurso não vai impedir que se perca votos anti-imigrantes.
Tanto os social-democratas como o Partido Moderado viraram à direita e mesmo assim desceram muito.”
O efeito mais imediato da fragmentação é a difícil governabilidade.
Muitos observadores destas eleições antecipam que a formação de um executivo irá demorar algum tempo, e a provável falta de uma maioria absoluta obrigará a acordos com o bloco oposto.
“Haverá um longo caminho antes que tenhamos um Governo”, antecipava a professora de ciência política Marie Demker, da Universidade de Gotemburgo.
“Mas acredito que apesar de tudo, a solução mais provável seja que o bloco maior – seja ele de centro-direita ou de centro-esquerda – possa governar com o apoio do outro”
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