quinta-feira, 28 de julho de 2016

CGD. Carlos Costa explica o desvio enormíssimo de Centeio


COMISSÃO DE INQUÉRITO CGD
Filipe Paiva Cardoso
28.07.2016 / 18:01
O governador do Banco de Portugal, Carlos Costa. Foto: Gustavo Bom / Global Imagens

As projeções presentes no plano elaborado para a CGD para 2013 e 2017 acumulavam um desvio de 1500 milhões até 2015. Centeno projetou valor até 2017 

O governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, explicou esta tarde aos deputados da comissão parlamentar de inquérito à recapitalização e gestão da Caixa Geral de Depósitos a natureza do “desvio enormíssimo” identificado recentemente por Mário Centeno, ministro das Finanças, no banco público. 

Questionado pelo grupo parlamentar do PSD sobre a validade dos valores avançados pela tutela, o líder do supervisor bancário reportou-se, inicialmente, às respostas dadas ontem nesta mesma comissão por José de Matos. 

O ainda presidente da CGD fez questão de salientar aos deputados ao longo da sua audição na CPI que o “desvio” referido por Centeno refere-se apenas a “diferenças entre os resultados e as perspetivas originais”, que, por vezes, e numa linguagem mais técnica de macroeconomistas, pode chamar-se de ‘desvio’” mas que não implica uma referência a um qualquer buraco desconhecido nas contas. 

Mas o supervisor, hoje, acabou por ir um pouco mais longe, não para explicar a que se refere o termo desvio neste caso, mas sim na forma como o ministro das Finanças chegou aos três mil milhões de euros que divulgou publicamente.

“As condições em que se fez a capitalização não foram as condições que se materializaram”, disse, referindo-se à derrapagem que se verificou entre os cenários externos que foram projetados no plano da CGD para 2013-2017 e os que se têm verificado. 
“A taxa de juro de referência registou uma evolução muito negativa”, deu como exemplo. “O que se esperava ser um resultado positivo virou negativo.” 

Carlos Costa explicou então o porquê dos três mil milhões de euros de Centeno: “O gap acumulado entre 2013 e 2015 foi da ordem dos 1500 milhões de euros, que, projetado até 2017, levaria ao gap dos três mil milhões de euros referidos pelo Sr. Ministro.” 

Carlos Costa retomou de seguida a ideia inicial, que este desvio não indicia “falta de solidez”, garantindo que “tudo está sólido no balanço do banco e não há qualquer insuficiência de capital, é uma mera diferença entre o previsto e o que se tem verificado”.

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