terça-feira, 12 de julho de 2016

Itália ameaça desafiar regras de Bruxelas para salvar bancos

AJUDAS DE ESTADO
Cátia Simões
04.07.2016 / 11:10




















Primeiro-ministro italiano admite injetar fundos públicos se for necessário, mas só em último caso, noticia o "Financial Times".

O primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, está determinado em desafiar as regras de Bruxelas e injetar fundos públicos para salvar bancos, noticia o “Financial Times”. 
A medida só será aplicada em último caso, em situações de volatilidade financeira. 

A ameaça tem feito disparar alarmes nos reguladores europeus, que temem que uma intervenção deste género possa devastar a credibilidade da União Bancária, que acabou de implementar novas regras e enfrenta agora o seu primeiro teste, com as necessidades de capital da banca italiana a ser avaliadas nos testes de stress. 
Os resultados serão conhecidos no final deste mês. 

As novas regras definem que o dinheiro dos contribuintes só pode ser usado para recapitalizar bancos depois dos privados terem assumido as suas responsabilidades. 

As opções estão a ser discutidas entre Roma e Bruxelas, com a comissária da concorrência Margrethe Vestager a avançar com várias opções para que Itália resolva o problema com o seu setor bancário sem quebrar as regras da União Bancária. 

O país tem sofrido com a turbulência causada pelo Brexit, com os bancos a perderem um terço do seu valor em bolsa. 
As preocupações têm-se adensado devido à proximidade dos testes de stress e ao referendo constitucional marcado para outubro, onde se discutirá a reforma do Senado descrido pelo Citi como “o maior risco da paisagem política europeia além do Reino Unido”. É que Renzi prometeu renunciar ao cargo se o referendo rejeitar a reforma proposta. 

Itália tem vindo a discutir o plano de recapitalização com Bruxelas, um plano que pode chegar aos 40 mil milhões de euros para o setor bancário. 
Bruxelas terá de autorizar, tendo em conta as regras de ajuda de Estado, mas será difícil que a medida avance. 
Depois de várias formas de intervenção terem sido rejeitadas Itália pondera agora se vai agir sozinha. 

Em cima da mesa estão medidas como aumentar o fundo estatal para ajudar as empresas privadas, o Atlante, usado para apoiar o aumento de capital de dois bancos falidos, segundo o FT. 
O Atlante vai ainda lançar, dentro de dias, um fundo focado em créditos em incumprimento (NPL), focando-se primeiro no malparado de bancos como o Monte dei Paschi di Siena, o banco italiano com mais problemas. 
Está também em discussão se serão usados fundos do tesouro e fundos de pensões para recapitalizar os bancos. 

O plano de recapitalização para o malparado assemelha-se ao que tem vindo a ser defendido pelo Governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, que quer criar um “banco mau” para concentrar os créditos em incumprimento dos bancos portugueses. 
Uma medida que agrada ao supervisor mas não aos bancos.

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