Cátia Simões
06.07.2016 / 10:25
Referendo sobre reforma constitucional de outubro pode trazer incerteza política, a juntar à crise bancária que o país atravessa.
Depois da crise na Grécia e do Brexit a Itália pode ser o próximo grande risco da Europa.
O país está a enfrentar uma crise no setor bancário e prepara-se para um delicado momento político, com o referendo constitucional, marcado para outubro, que está a pressionar os juros da dívida italiana.
Os italianos vão votar uma reforma constitucional, que prevê, entre outras medidas, limitar os poderes do Senado.
Se for aprovada definitivamente, a reforma transformará o Senado num órgão de representação regional, sem poderes legislativos.
Segundo a Bloomberg, se a reforma for aprovada está aberto o caminho para um período de incerteza política, validando o programa do primeiro-ministro, Matteo Renzi, e os analistas prevêem que os juros da dívida se mantenham elevados, próximos dos níveis de Espanha.
Pelo contrário, se o referendo votar contra a reforma surgirá um novo governo de coligação, considerado mais provável que eleições.
O referendo pode provocar vazio político, eleições antecipadas ou a nomeação de um governo tecnocrático em 2017.
Há muitas forças políticas em Itália que estão contra a reforma constitucional, aumentando os riscos de uma crise política.
As sondagens indicam que a maior parte dos eleitores está contra as mudanças e que a maior popularidade do partido de oposição Movimento Cinco Estrelas vem trazer mais receios de um referendo à permanência no euro.
Enquanto prepara caminho para o referendo, o primeiro-ministro italiano também tem de lidar com a crise no setor bancário, depois do BCE ter exigido ao Banca Monte dei Peschi da Siena que reduzisse em 40% o crédito malparado.
As agências internacionais dizem que Renzi admite avançar com uma injeção de capital na banca, como último recurso, contra as regras de Bruxelas sobre ajudas de Estado.
A informação já foi desmentida pelo Executivo italiano mas as preocupações em torno da banca italiana adensam-se.
Em dezembro o governo criou um fundo, o Atlante, dotado de cinco mil milhões de euros para o crédito malparado da banca.
O país também está a ser afetado pelo Brexit, que afundou as principais praças europeias, com impacto sobretudo na banca.
Sem comentários:
Enviar um comentário